Arrepio caminho rapidamente para comprar o pão do final de dia. Vento a esbater na chuva graúda que cai insistentemente, anunciando que a melhor opção de relax após um dia de trabalho é mesmo quadro paredes ao alto, aquecimento ligado e um bom digestivo após a refeição. No caminho um homem de barba mal amanhada revira o contentor do lixo. Gorro preto esburacado, com rosto seco e altivo.
Reparo que as mãos, sujas no meio do lixo, estão cuidadas e aprumadas. Estranho contra senso este; tal como estranho é a porra do meu sentido de observação numa situação constrangedora com um semelhante do género humano. Por trás daquelas mãos cuidadas a remexer o lixo está a chave para o "segredo" que não tenho tempo (vontade) para descobrir.
O telefone toca e é tempo de dar um beijo à Pipinha e à Ana; e aquele abraço ao Vareta. Dois dedos de conversa multiplicados em meia hora e sigo para o quente do lar. Olho para as minhas mãos e para a imundice das minhas unhas após um dia passado em frente do portátil a trabalhar e um maço de Austin (de contrabando) tragado. Afinal o segredo-chave está mesmo nas mãos...
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