terça-feira, abril 25, 2023

Nós os Filhos da Liberdade




Guardo as memórias visuais e olfactivas dos caracóis a cozer no lume forte e tragados  com a convicção do dia da liberdade. Seguidamente descia com os meus Pais para o verde vivo da alameda em Faro onde o vermelho dos cravos se cravava no sorriso convicto estampado no rosto da liberdade de cada um.


Sou um dos filhos da liberdade, daqueles nascido no bom ano de 74 onde a ditadura colapsou e o romantismo determinado de alguns deu a liberdade aos muitos presos às grilhetas do obscurantismo e da corrente única do rebanho amordaçado e obrigado a seguir as doutrinas de pastores velhos, decrépitos e absolutistas.


Falo e escrevo de Abril pelo que me foi transmitido, pelas memórias de meus pais, familiares e amigos mais velhos da geração que nos deu luz de esperança rumo a um futuro diferente.


Nasci livre e cresci nos anos conturbados da construção democrática de uma pátria que tentava sair da cauda do pelotão e alicerçar valores, práticas e caminhos dotados de democraticidade.


Cresci com as dores de Abril mas com a convicção de que eu filho da eterna classe média remediada, tinha tanto direito à educação, cultura e expectativa de futuro como qualquer um.


Sim eu sou da geração livre, filha da geracao amordaçada, neta da geração que no silêncio da noite escura já conspirava para que o ano fosse todo Abril florido em cravos vivos de liberdade.


Sim... eu devo homenagear aqueles que me pariram a liberdade e me entregaram de mão beijada para eu saber que sou como qualquer um...


Sim... eu devo escrever, falar e sentir Abril como se estivesse a sair de Santarém na coluna de Salgueiro Maia rumo à capital do império onde tudo ruiria com meia dúzia de tiros e sem um banho de sangue medonho.


Sim... eu devo respeitar a herança de quem com cravos nas espingardas me deu a maturidade de ter amigos de esquerda e de direita, brancos ou multiculores, com visões e formas de encarar a vida com sonhos  diferentes dos meus. 


Sim... Abril deu me novos mundos e realidades multidimensionais que me permitem gritar educadamente ( mas convictamente) que o fascismo, o obscurantismo e o regresso a velhos dogmas não ocorrerá.


Porque também nós os filhos da liberdade não permitiremos, apesar dos tempos esburacados e injustos, que o medo e o ódio fomentados pelos demagogos transformem o Abril ( ainda em muito por cumprir) do nosso contentamento num qualquer mês de Inverno amordaçado onde as nuvens e a chuva nos restringam o direito de escolher e de sermos afinal como "qualquer um".


quinta-feira, abril 13, 2023

Eterno(s) Retorno(s)

 



Na "waiting room" do Aeroporto de Faro pronto para zarpar para o Porto ...de coração ❤️ cheio por rever amigos e familiares e sentir o toque incondicional do meu Pai e da Minha Mãe ( quem tem um Policarpo e uma Virgínia tem tudo ❤️❤️❤️).

quarta-feira, abril 12, 2023

Easter in (my) Faro





Confesso vos não sou um admirador absoluto do período pascal que resvala sempre numa perspectiva da nossa cultura para um período de contemplação que deriva para um negativismo tão típico do nosso fado europeu no global e tuga no específico.
No entanto sempre bom e revigorante retornar ao meu ponto de origem, estar com os meus pais, rever família e amigos de uma vida (além dos que conquistei na Invicta).
Na minha vida de "circulação" entre Faro e Porto, o mito do eterno retorno e "fuga" entre dois portos de abrigo que me preenchem surge cíclico há já trinta anos.
Para todos nós que este breve período de "pausa técnica", seja o dos afectos e retornos a quem nos diz muito (para retornarmos também aos que conquistamos e nos conquistaram), mesmo que o conceito espaço temporal nos afaste geograficamente, que a alegria do reencontro e do renascimento supere sempre os períodos menos bons, próprios desta roller coaster eterna na qual nos movimentamos.
Sejamos Felizes nestes tempos atípicos e exigentes, no desafio de preservarmos a nossa humanidade e a do nosso próximo.
Boa e Santa Páscoa