Cedo ao passo alargado fruto proibido do dia a dia desgastante, sempre com o cérebro a explodir na rapidez do pensamento "o que vou fazer a seguir". Vou ao sitio do costume comprar os maços diários de vicio em forma de cigarro maldito e fixo o meu olhar cansado mas atento, numa mesa particular. Cedo à tentação de um café e desloco a visão para as chamadas de capa dos jornais diários. Desvio novamente o olhar aceso nas asas de um cigarro na mesa que me prendeu a atenção: Ele com ar de bronco típico, e pulseira reluzente de chulo de 3ª categoria; Ela com o tom achocolatado de pele que remete para um Brasil profundo em tons sensuais.
Pelo sotaque na fagulha da discussão que eclode, talvez seja de Salvador ou da bela Bahia. Solta fogo com os seus olhos negros e com a linguagem cavernosa já mesclada na ode de calão de Português de Portugal. Ele vocifera palavras intragáveis, que supostamente tem a ver com um cliente insatisfeito. Não há consenso no meio do explodir da tensão que sobe de tom. Nas mesas limítrofes todos fingem não reparar, embaraçados, mas seguros na capa hipócrita que nos caracteriza como povo de brandos costumes. Desisto de tentar intuir os "Comos e Porquês" causadores dos azedumes. Passo por eles com olhar de desdém indiferente para o alegado chulo, seguindo discretamente os traços do rosto da beleza dela.
Por um momento os nossos olhares se cruzam e rapidamente se desviam. Por detrás de um rosto, de uma voz e de um cheiro, existe sempre uma história que fica oculta e por revelar. Sigo apressado concentrando-me já nos arrepios do dia a dia de luta árdua.
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