O mundo, cada vez mais, se resume a um fluxo de teias interactivas que ligam de forma rápida e exponencial toda a humanidade de uma forma quase impensável há 10 anos atrás. O boom da internet; aliado aos ajustes tecnológicos que permitem que comuniquemos em tempo real em som e imagem, veio trazer também - paradoxalmente - o perigo do isolamento social. Na vida rápida e violenta que levamos no prête a porter do dia a dia, utilizamos a janela do nosso portátil para assumirmos por vezes outra(s) personagem(s) que não a nossa, corporizamos em fotos e perfis em redes sociais e afins o que não temos tempo para procurar - encontrar - no dia a dia.
Na minha opinião, por vezes essa necessidade de ligação a "algo" torna-se numa doença, numa fobia em que perfis sucedem-se a perfis; em que identidades se cruzam com clones e nuances escamadas caso a caso. Vejo "isso" nas teias sociais activas a que pertenço e utilizo com regularidade. A necessidade exponencial de libertarmos a adrenalina e frustrações do dia a dia numa tela onde estão alguns amigos e muitos desconhecidos: O gajo casado mas insatisfeito que se esconde no anonimato, o predador sexual que tem os seus mecanismos de felino aguçados à espera da presa; o fulano ou a fulana que tem os processos rotinados para "dar umas fodas". Existe de tudo um pouco. Até aqueles que não sabem o que procuram.
Os espaços de interactividade em tempo real que nos permitem transmitir a uma teia maioritária de desconhecidos o nosso espírito, as nossas frustrações e anseios: Alguns reais, outros nem por isso. Procuro utilizar o Facebook, Hi5, Twitter e Blogger como estruturas de trabalho que me permitem chegar a um número alargado de pessoas; destilando sem máscaras e artifícios também um pouco do que sou como pessoa, minha identidade pessoal e colectiva; afinal marca e cunho que todos nós damos ao mundo.
Todos nós já passámos fases em que os refúgios e santuários públicos ou privados; com desabafos a amigos de coração ou a alegres desconhecidos, funcionaram como catalisadores de alma e de feridas em carne viva. Não podemos (não devemos) entrar é no jogo do Avatar; criarmos supra sumos de identidades e caminhos virtuais que nos levem a becos sem saída, que nos afastem do mundo real.
Continua...(já a seguir...)
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