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sexta-feira, março 08, 2019

A Propósito de Neto de Moura (ou um elogio masculino...ao feminino)

A recente polémica acerca da arbitrariedade sexista das decisões do Juiz Neto de Moura só apanhou de surpresa os mais incautos e distraídos no que concerne ao estado de regime absolutista e autónomo de que a justiça (e seus executantes) padece em Portugal.

Não sendo infelizmente  caso virgem e único,  idéia transmitida ao grande público (todos nós) é de uma classe autocrática que funciona como um (contra) poder dentro do poder judicial per si. Entre pérolas da literatura destilada em tribunais, citações bíblicas ou o regresso (reverso) a passagens oratórias  da constituição de 1886 (!!!!); Neto de Moura representa o autoritarismo despótico e nada esclarecido que inunda a classe de alguns (muitos?!) dos doutos juízes (e não só...) da lusitânia cá do burgo.

- Neto de Moura é o preconceito fechado em si mesmo -

Em pleno século XXI, inconcebível as sentenças lavradas e as palavras conservadoras e absolutistas desferidas qual punhal em corpo feminino. Chocantes os argumentos pálidos para suavizar as penas dos agressores. Gritante o poder autoritário e  dogmático não da lei mas da verborreia do(s) homen(s) da toga.

Numa sociedade denominada de laica, republicana e aberta é imperativo eliminar da esfera do poder decisório personagens que representam a face oculta do tempo em que as Mulheres eram "parideiras" reprodutivas sem voz, castradas a nível emocional e invisíveis a nível laboral e social; utilizadas, abusadas e vexadas: Tão somente  reconhecer a igualdade na diferença, os méritos pessoais e profissionais; o papel pleno e imenso (intenso) da Mulher em todos os parâmetros do mundo que nos constitui.

A igualdade de género deverá ser acompanhada na práxis da vontade parlamentar e governativa de legislar em prol de leis  uniformes e justas que penalizem quem agride, quem assassina, quem faz morte lenta a nível psicológico e muitas vezes a nível fisico.

Neste dia da Mulher, apenas uma nota final: Tenhamos a percepção que se as Mulheres quiserem parar o mundo no global, não tão somente o dito mundo dos homens, conseguem-no de forma total e plena. Tenhamos a humildade intelectual para intuirmos que a base de "tudo" parte do universo feminino. Tenhamos a habilidade e força para sabermos preservar as diferenças que fazem o "sal e pimenta" das assimetrias positivas que nos unem. Tenhamos a força para combater a barbárie, a selvajaria e não cantar a ode dos selvagens, dos brutos, dos assassinos (morais e físicos).

Que todos nos orgulhemos de sermos diferentes no masculino e no feminino, mas também firmemente iguais nos direitos, oportunidades e no direito á dignidade no nosso curto e efémero trajecto mundano.








sexta-feira, dezembro 19, 2008

Blogues de Cá

O meu pai sempre bateu na minha mãe
Uma leitora anónima, a quem agradeço, deixou este comentário neste blogue. E porque a pressão social tem que envergonhar o agressor e não o agredido, é sempre boa altura para falar deste tema...O meu pai sempre bateu na minha mãe, desde que me lembro, era mau e em vezes que ela tentou fazer queixa à polícia os próprios polícias retraiam-se e diziam que entre marido e mulher...e a minha mãe com a boca toda ensanguentada, a levar pontos, as nódoas negras constantes, o olho que passou a ver menos bem, etc etc. Chegou ao ponto de lhe encostar uma arma à cabeça, chegou ao ponto de disparar e só falhar por estar demasiado bêbado. E eu cresci também a ser espancada, também a ser humilhada, sem que ninguém nada fizesse por mim. Lembro-me da coisa mais revoltante que ele me fez, obrigou-me a estar a cerca de 5 metros dele parada e em pé enquanto me atirava batatas e cebolas que tinha junto a si, depois obrigava-me a apanhar tudo, devolver-lhe para mas voltar a atirar. Lembro-me das noites em que me acordava para me bater, dos pontapés que me dava...lembro-me de dormir dentro do guarda-roupa toda tapada para me sentir protegida. Lembro-me de me chamar estúpida, de dizer que eu era uma merda, ah e também me lembro de me bater com a parte de cabedal da trela do cão, com um chinelo de plástico duro que me deixava vergões durante dias. Lembro-me depois de já em adulta estar grávida e ter reagido menos bem contra o senhor que me ameaçou dar-me um pontapé na barriga porque eu recusei abortar. E fui eu que tive problemas em tribunal e fui eu que saí a perder, porque o que ele disse nada conta. Puta de vida, vida filha da puta.
Cit in no excelente Blogue Não compreendo as mulheres