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sexta-feira, março 07, 2025

Só Morre quem Nunca Viveu

 



Olá Tio espero que a viagem tenha sido boa.


Não sei se já chegaste mas sei convictamente que não partiste.

Continuas a caminhar firmemente  no meio de nós com aquele sorriso espontâneo e alegria de viver que continua a contagiar. 

Imagina que ao ir ao teu encontro o comboio chamava se liberdade e tinha gravado os teus cravos de Abril, vermelhos como o teu sentimento de liberdade individual e colectiva.

Imagina que, no sitio onde os que te amam se juntaram para te celebrar, está um busto do Salgueiro Maia assinalando novamente os votos renovados da liberdade que te preenche.

Imagina que a tua filha me chamou "primo malvado" por recontar as tuas histórias e no meio das lágrimas e nostalgia provocar risos como aqueles que tu gostavas de dar e receber.

Imagina que me sinto de coração leve por saber que irás continuar a tua caminhada repleta de aventuras renovadas com a tua sede de tudo questionar (Deus meteu se em sarilhos por que tu nunca irás deixar de colocar questões e dúvidas existenciais).


Isto aqui não será o mesmo sem ti.


Vão faltar as nossas conversas de horas a falar de tudo e de nada.


Ficará na minha mente as idas ao alentejo e as sandes de presunto com batatas fritas crepitantes.

Não me esquecerei nunca dos domingos de praia com cerveja gelada e sandes de chouriço alentejano e o embaraço da Patricia com o qual tu te deliciavas de forma deliciosa.

Naquelas águas calmas do Atlântico ensinaste me a nadar sem pé e a arriscar na vida, combatendo  sempre.

No chão pelado do campo da horta da areia impeliste me a andar de bicicleta. Lembras te? Descíamos a rua do matadouro e desaguávamos nas salinas onde o sal salgado e árido brilhava com o teu unico deus Sol.

Continuarei a falar contigo e a questionar as tuas respostas, como sempre tu continuarás a responder me calmamente e a dizer que te estou a tentar "dar a volta".

Sei que continuarás a colocar o "outro" em primeiro lugar e a apoiar com alegria sincera quem mais necessita.

Sei que estás aliviado e em paz, não houve missas nem discursos demagógicos (não quisermos arriscar a tua fúria e reprimenda, ainda interrompias a discussão dialéctica com Deus e regressavas para nos repreender). 

Não sei se já chegaste mas sei que não partiste.


Um abraço do teu amigo Paulinho


quarta-feira, abril 12, 2023

Easter in (my) Faro





Confesso vos não sou um admirador absoluto do período pascal que resvala sempre numa perspectiva da nossa cultura para um período de contemplação que deriva para um negativismo tão típico do nosso fado europeu no global e tuga no específico.
No entanto sempre bom e revigorante retornar ao meu ponto de origem, estar com os meus pais, rever família e amigos de uma vida (além dos que conquistei na Invicta).
Na minha vida de "circulação" entre Faro e Porto, o mito do eterno retorno e "fuga" entre dois portos de abrigo que me preenchem surge cíclico há já trinta anos.
Para todos nós que este breve período de "pausa técnica", seja o dos afectos e retornos a quem nos diz muito (para retornarmos também aos que conquistamos e nos conquistaram), mesmo que o conceito espaço temporal nos afaste geograficamente, que a alegria do reencontro e do renascimento supere sempre os períodos menos bons, próprios desta roller coaster eterna na qual nos movimentamos.
Sejamos Felizes nestes tempos atípicos e exigentes, no desafio de preservarmos a nossa humanidade e a do nosso próximo.
Boa e Santa Páscoa

quinta-feira, fevereiro 25, 2021

"A Falta dos Afectos que Mora em Todos Nós"

 Uma das novas realidades que a pandemia que nos açoita a todos me tem revelado no dia a dia tem sido a carência afectiva óbvia e evidente que mora em todos nós sem excepção.

Como assessor de comunicação da Sopro de Carinho Associação e com um contacto diário com dezenas de doadores individuais e empresariais, as conversas arrastam se agora para um campo mais pessoal e de mutualidade compreensiva.

Com mais de vinte anos de trabalho na área global da comunicação, sempre considerei uma das chaves base do sucesso de cada projecto o trabalho de equipa e respeito pelas individualidades dentro do colectivo, bem como o "acesso" ao factor individual de cada cliente, fornecedor e parceiro de negócio.

Há já uma década a trabalhar na área do marketing social na componente infantil e pré adolescente para mim é impossível não existir um envolvimento afectivo forte com todos os que directa ou indirectamente contribuem para o meu (nosso) trabalho.

Já atravessei (atravessámos) fases com nuvens e sombras com o expoente a ser a perda da primeira Criança ligada aos apoios gerados na Associação. Sensação de murro no estômago e de impotência colectiva que nos deu (ainda) mais força para continuar mesmo na dor mitigada de uma perda que considerámos como um dos nossos.

O novo confinar das nossas vidas pessoais e laborais leva-nos inevitavelmente para o (re)pensar o somatório dos nossos medos quotidianos, inseguranças e zonas menos seguras.  A falta de um café entre amigos, um vinho aromatizado em cada rosto conhecido, bem como o odor do nosso escritório de sempre e os cheiros de quem o percorre, são alguns dos bons momentos que nos dão segurança para transpor a insegurança diária.

A falta dos afectos mora mesmo em todos nós...por quanto mais tempo?!