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quinta-feira, abril 16, 2020

Diário de um Quarentão (em "quarentena") Parte I




Tempos estranhos estes que vivemos no enredo de uma pandemia (infelizmente tão previsível) neste mundo globalizante em que voamos todos os dias a uma velocidade vertiginosa sem tempo, muitas vezes, para pensar, tão somente para agir (reagir).

No meio dos "quarentas" vejo me confinado (como milhões) a um exílio forçado e á limitação de acções e livres arbítrios que eram dados como adquiridos com o selo de  propriedade absolutista de cada um de nós.

Os actos (outrora) banais das rotinas do dia a dia tornaram-se na sua remodelação pandémica uma força libertadora á qual me agarro como o ar precioso que todos nós respiramos. Ir comprar pão quente e fumegante, passear o Beiças para as necessidades caninas básicas ou fumar um cigarro rápido a olhar para o céu do futuro incerto, parecem-me manjares dignos de qualquer deus do Olimpo terreno.

A vida tal e qual como a conhecíamos foi suspensa momentaneamente, nas redes sociais do nosso (des)contentamento derramamos as fotos de almoços e jantares passados, de viagens majestosas e de grupos de amigos e famílias inteiras desfeitas fisicamente qual muro de Berlim universal (ou grande muralha da China...) que nos emparedou a todos.

Ao final da tarde fria e chuvosa a libertação da varanda e do jardim; leitura lânguida e atenta  devorando um cigarro lento como o tempo congelado dentro do copo de vinho encorpado pelas nuvens que passam. Pés nus no chão frio mas a alma vestida com o sentimento forte que voltarei a trajar as roupagens de um passado recente onde nos tocávamos , beijávamos  e se partilhavam copos e afectos no cheiro e odor da presença física e quente daqueles que iluminam o nosso mundo.

sábado, abril 11, 2020

Eanes: O Último dos Moicanos

Recordo-me dos meus primeiros aromas políticos ás "cavalitas" de meu Pai (e pela mão sábia e carinhosa da minha Mãe) e do mítico cinema ao ar livre de São Luis onde vislumbrei Maria Lurdes Pintassilgo ao vivo e a cores no inicio da década de 80.

De miúdo imberbe e curioso com toda a plástica do mise en cene envolvendo a política e seus intervenientes, passei para a pré adolescência rebelde onde no cinema Santo António vi as lágrimas de meu Pai no entusiasmo de fé desesperada e emocional  perante a  derrota eminente de Mário Soares (um guerreiro) VS Freitas do Amaral (um cavalheiro) em oitenta e seis.

Cresci na esquerda da esfera das lutas democrática e plurais de grandes figuras com a sedução pelas  suas imperfeições hiperbólicas e das suas virtudes morais e de combate (figuras de esquerda, centro e direita note-se...).

Ramalho Eanes representou sempre para mim a verticalidade, o poder de liderança pacifica e a capacidade humanista (ironicamente não militarista...) de unir pontos aparentemente díspares da sociedade portuguesa pós vinte e cinco de  Abril.

Sempre analisei este General sereno com um ar (falsamente) austero como alguém fora da órbita partidária tradicional e de todas as guerras (muitas de alecrim e manjerona) dai adjacentes. Figura consensual para muitos, odiado ora  por uma  certa esquerda mesquinha presa no tempo passado  recente do 25 de Novembro (e não só...) e por um centro/direita com o pudor de um conservadorismo (quase) saudosista do salazarismo bafiento; Eanes imperturbável seguiu o seu próprio caminho com a serenidade (leia se seriedade) somente ao alcance de alguns.

Tudo desagua na recente entrevista (para quem não visualizou link aqui) na RTP 1 em que a frase emocionada em que menciona que sendo um "velho" tem obrigação (ele e os "outros") de ceder o seu ventilador, se necessário, a um "homem com mulher e filhos".

Assisti com atenção a criticas construtivas, a não concordâncias bem fundamentadas mas também a um chorrilho de asneiras de pseudo iluminados tentando dar um sentido bem diferente ás palavras emocionais e sábias de Eanes (a meia hora de entrevista para mim é uma ode de inteligência de um grande Homem).

Para mim Eanes merece um titulo de filme de sucesso: Certamente o "último dos (bons) moicanos"....








sábado, setembro 03, 2016

Portugal em Chamas: "Os Comos e Porquês"

Mais um verão em que as chamas lavraram e consumiram vorazmente boa parte da área verde de Portugal. Um ano igual (pior) a tantos outros em que bombeiros e populares arriscam a vida contra a incúria do poder politico (já lá vamos..) e dos incendiários a soldo de interesses especulativos e os tão somente pirómanos com problemas existenciais/psiquicos.

Há boa maneira (informativa) cá do burgo, desdobram-se os debates dos "comos e porquês" (perfeitamente identificados pela enésima vez...), bem como o espectáculo grotesco das horas massacrantes  (dramáticas) de live stream televisivo ao vasculhar no meio do enredo das chamas, as vidas destroçadas e por vezes perdidas de milhares em Portugal continental e ilhas (já lá vamos...).

Vamos por partes: A má operacionalização (quase inexistente) de "como" se devem preservar os tecidos florestais, o não avanço de legislação dura e punitiva para os incendiários (visto não ser possível nos preceitos cristãos ocidentais fazer uma queimada de pirómanos num caldeirão em lume brando), bem como ditames de lei que não permitem a expropriação de terras que constituam potencial perigo pela sua não limpeza e esquecimento de herdeiros, partilhas e novelas da vida; não permitem o avanço na prevenção prática da mata tuga.

Relativamente à  tragédia de fogos que se abateu sobre a Madeira outras nuances se revelam: A construção selvagem e ilegal, os favores a empreiteiros e empresários e a má sustentabilidade (derivada da construção sem ordenamento) dos famosos "socalcos madeirenses", revelam a incúria criminosa  que deveria ser fortemente penalizada por lei.

Outras medidas simples mas eficazes - como colocar presos em número massivo a limpar a floresta, transformar a maior parte de trabalho comunitário (fruto de delitos menores) em acções pedagógicas práticas nas quais a floresta e sua preservação fossem foco nuclear - seriam boas medidas e inicio de um novo paradigma ecológico, politico e penal.

Para o ano, infelizmente, estaremos aqui a debater o já debatido (esbatido), sem avanços e tendo como pano de fundo as dores e dramas dos rostos afectados e o mesmo cheiro abafado e irrespirável que as chamas proporcionam...afinal tão somente Portugal na sua faceta mais sombria...


sexta-feira, março 27, 2009

PlayGirl Tuga I

Mónica Sofia, modelo e ex-membro da girls band Delirium, tirou a roupa para o número inaugural da edição portuguesa da revista Playboy, segundo revela o director de arte da publicação à edição online do jornal Público.
João Artur Pernal disse também ao jornal que a revista, que estará à venda no próximo sábado, conta com uma entrevista ao jogador internacional Costinha. As entrevistas da Playboy - as Playboy Interview - são feitas a personalidades da vida pública, incluíndo políticos.

sexta-feira, janeiro 23, 2009

O Tio de Sócrates

Com a fraca oposição politica, José Sócrates atinge sempre o seu climax de problemas na real politik, através de factores exógenos ou nem tanto...Desta vez a manchete noticiosa - na suas variadas plataformas - remete para um Tio (!!!) do primeiro ministro que alegadamente poderá estar envolvido num (novamente alegado) escândalo de atribuição de licenças para a construção do centro comercial Freeport em Alcochete. Verdade ou mentira, certo é que se avizinham tempos complicados para José Sócrates. Em ano de múltiplas eleições, todo o cuidado é pouco...até com os tios...