Tenho uma relação distante com o conceito pré definido de fé universal que atravessa gerações e o mundo pré formatado que nos atinge diariamente.
A(s) variáveis da fé, desígnios insondáveis e pessoais de cada um de nós, resvalam para os campos diversos que de forma intangível nos fazem, nas alturas de desespero e frustração exacerbada, seguir em frente entre as tempestades com que a vida nos bombardeia.
Nunca fui de rituais formatados e mitos messiânicos absolutistas, naveguei sempre no cheiro das velas de uma igreja vazia, na visita silenciosa ás campas dos meus ente queridos - entre pensamentos profundos e recordações alegres e positivas - Afundei-me no dilema da existência de uma força cósmica superior que nos movimenta e chicoteia de forma impiedosa para seguirmos firmes entre escombros e destroços da densidade do sofrimento diário que nos aflige.
Habituei-me á oração silenciosa de pensar em pensamentos firmes nos que amo e tocaram a minha vida e já não se encontram neste lado da caminhada.
Sou homem de pouca fé católica, nada anglicano, pouco romano, nada apostólico, absolutamente fora do corão cristão convencional e do absolutismo arabesco dos factores punitivos que nos castigam a cada má acção secundada na imperfeição da vida, nada ortodoxo, nada absoluto.
Por vezes questionamos tudo o que nos rodeia e circunda, tudo o que se nos opõe, tudo o que dogmaticamente nos dita regras e submissões a uma ordem pré determinada que não é a nossa.
Um "foda-se" espiritual e um espirro com efeitos das asas de uma borboleta a mover o mundo, são destilados nas variáveis de cada um de nós. A fé da afirmação plena de que o que nos move e nos faz continuar em frente não é mais e tão somente que a teia colectiva que nos une em pontos visíveis e tangíveis...em suma as variáveis (diferenças) da nossa fé individual (seus dilemas) são o que nos unem a todos na hora da procura incessante do outro lado (potencial) da caminhada invisível em que apenas "cheiramos" o odor do que ansiamos existir.