Final do dia com o céu a tomar cor e rumo invulgar. Pinceladas rosa como cenário teatral, nuvens carregadas de chuva a fazer amor com um arco íris sugestivo. Ao fundo - no fundo dos fundos - duas gaivotas voam em círculos perfeitos, ensaiando um voo picado sobre coisa nenhuma.
O sol ainda surge escondido, transmitindo força de luz camuflada a um cenário surrealista mas belo na essência que "algo" existe lá fora além deste bailado mortal de corpos, desejos e invejas fúteis que nos percorrem nos dias terrenos da nossa existência mortal.
Contenho o desejo dum cigarro pecaminoso e calço as sapatilhas para arrepiar estrada e correr um pouco tendo o céu como guia e suporte dos meus pensamentos. Instintivamente, levanto novamente o olhar para o firmamento e faço uma pausa antes da grande corrida. Um céu assim só pode intuir e adivinhar que algo de bom vem a caminho. De todos nós.