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quinta-feira, fevereiro 25, 2021

"A Falta dos Afectos que Mora em Todos Nós"

 Uma das novas realidades que a pandemia que nos açoita a todos me tem revelado no dia a dia tem sido a carência afectiva óbvia e evidente que mora em todos nós sem excepção.

Como assessor de comunicação da Sopro de Carinho Associação e com um contacto diário com dezenas de doadores individuais e empresariais, as conversas arrastam se agora para um campo mais pessoal e de mutualidade compreensiva.

Com mais de vinte anos de trabalho na área global da comunicação, sempre considerei uma das chaves base do sucesso de cada projecto o trabalho de equipa e respeito pelas individualidades dentro do colectivo, bem como o "acesso" ao factor individual de cada cliente, fornecedor e parceiro de negócio.

Há já uma década a trabalhar na área do marketing social na componente infantil e pré adolescente para mim é impossível não existir um envolvimento afectivo forte com todos os que directa ou indirectamente contribuem para o meu (nosso) trabalho.

Já atravessei (atravessámos) fases com nuvens e sombras com o expoente a ser a perda da primeira Criança ligada aos apoios gerados na Associação. Sensação de murro no estômago e de impotência colectiva que nos deu (ainda) mais força para continuar mesmo na dor mitigada de uma perda que considerámos como um dos nossos.

O novo confinar das nossas vidas pessoais e laborais leva-nos inevitavelmente para o (re)pensar o somatório dos nossos medos quotidianos, inseguranças e zonas menos seguras.  A falta de um café entre amigos, um vinho aromatizado em cada rosto conhecido, bem como o odor do nosso escritório de sempre e os cheiros de quem o percorre, são alguns dos bons momentos que nos dão segurança para transpor a insegurança diária.

A falta dos afectos mora mesmo em todos nós...por quanto mais tempo?!


sexta-feira, maio 01, 2020

Diário de um Quarentão (em "quarentena") Parte III



A varanda novamente como companheira num dia que amanheceu tardio com nevoeiro britânico e chuva fugidia mas cíclica no seu eterno regresso. Portátil no colo anichado, os pés do costume (despidos) com a alma cheia de pensamentos (o isolamento momentâneo da pandemia faz nos pensar "mais  e mais vezes").

Divido hoje a escrita  em pequenas gotas soltas que gravitam entre o Abril que marca a  minha (nossa) história, o Maio da libertação (será?)  e as anotações de um futuro que terá raios de sol no meio do nevoeiro cinzento e da chuva restritiva (no final prevaleceremos adianto já...)



1.

"O Maio do nosso (des)contentamento"


Dia de todos os que labutam e lutam nesta vida por vezes repleta de barreiras...dia do trabalhador mas também do combate às assimetrias das crianças ( os trabalhadores do amanhã...muitas infelizmente já trabalhadores do hoje...) . 



Data de todos aqueles que ainda recebem o chicote da injustiça global, que em tempos de pandemia a histeria e a prepotência não ganhem...ganharmos todo unidos na fé de uma nova versão humanista em que o "nós" se sobreponha ao "eu" hedonista (egoísta).



Maio marcará o (re)inicio dos nossos pequenos passos para uma (a)normalidade que tenderá a ser diferente e com muitas dúvidas e incertezas.


Os medos que antecedem a antecâmara de novos tempos marcarão o nosso novo gatinhar. Que as fake news, populismos dos ditadores (eleitos ou não...) e a cultura maldizente do "bota a baixo" não vingue e que aprendamos com estes tempos de incerteza...na certeza que para sobrevivermos social, económica e politicamente teremos que reconstruir e reescrever novos conceitos.

2.
"Abril revisitado"

Nunca a porra de um período de trinta dias me pareceu tão longo e custou tanto a verter tempo não sorvido nem saboreado com os padrões de carga emocional normalizados, no entanto nunca os telefonemas e video chamadas me pareceram tão bem, nunca um copo de vinho foi tão lentamente saboreado ou as emoções delgadas se transformaram muitas vezes em olhos marejados de agua húmida mas temperada com um quente arrebatador de sentimentos por vezes antagónicos.

Abril do nosso contentamento nacional da democracia que o dia vinte e cinco trouxe e arrebatou, da minha satisfação pessoal de ao longe sentir ao perto os quarenta e seis anos que unem os meus pais na aventura de uma vida (casaram dois dias depois da revolução dos cravos de setenta e quatro). Abril de sentimentos mil...Abril longo...estupidamente longo...Abril diferente...Abril maldito...amaldiçoado mas para recordar no horizonte das memórias que nos fazem crescer por caminhos inusitados.


3.

"O futuro já hoje"


Mudo o portátil para a posição de repouso, derramo um telefonema rápido com um amigo de longa data, inspiro e retenho o olhar no céu com nuvens e com a ameaça de mais uma carga de água que invadirá o meu jardim e que rapidamente ganhará espaço no chão despido da varanda de pedra branca apenas manchada pela naturalidade das folhas velhas e ramos quebrados arrastados por um vento diferente que se revela desde o último cigarro fumado na madrugada após mais uma sessão de cinema tardia fruto da falha do sono reparador de mágoas e elixir de novas esperanças. 



Tenho encarado esta porra toda dos últimos meses o melhor que sei e que posso; chorei amiúde, ri me também muitas vezes mas essencialmente reforcei laços e (re)conheci-me melhor como pessoa e como ser humano. Incapaz de me fechar na minha concha, estendi a minha mão sedenta e muitos retornaram-me o acto (misto de medo e coragem) sem dramatismos apenas com a naturalidade de quem precisa do "nós" para poder sobreviver (viver) no "eu" (todos nós).



O futuro é já hoje, no meio das pedras e rochedos, do negro do espectro do desemprego, na ansiedade do exemplo (por exemplo) de um pai e duma mãe com as incertezas que estes novos tempos ditam; tenho a convicção na minha tranquilidade (absolutamente humana, não tranquila e corajosamente borrada de medos e incertezas) que sobreviremos entre a penumbra que teimará em nos querer cegar e que o sol, a areia fina e o mar sem cor serão o nosso futuro.



Portanto borrem-se de medo, encham-se de dúvidas e receios mas caminhem em frente entre escombros e ruínas nascerão novos alicerces que nos permitirão (re)conquistar o futuro. Estejam atentos e não servis, receosos e prudentes mas sem medo de arriscar e caminhar. 



É assim que traçarei meu trajecto, e é assim que os meus pés descalços na varanda ficarão molhados com a  chuva mas se alimentarão do sol e da alma que os iluminará rumo ao caminho do amanhã....

domingo, abril 26, 2020

Flower(s) Power




|E quando tens uma vizinha octogenária adorável que perde tempo a cuidar do teu jardim ( e das tuas roseiras) e te presenteia com rosas perfumadas e te chama "homem lindo"( ou menino😂😂😂)|

❤️🙏🌹🌹

sábado, abril 25, 2020

Simplesmente...Abril




|O Abril do meu contentamento...que me permitiu ser a criança feliz que fui, o homem imperfeito ( mas com direito e liberdade às minhas falhas e diferenças) em que me tornei| O 25 Abril de 74 que desaguou no 27 do casamento de meus pais e no Novembro livre do meu nascimento| Grato a todos os que se uniram e na madrugada fria marcaram a nossa vida com o sol da esperança e quebraram as grilhetas com que as bestas negras nos aprisionavam |Nestes tempos difíceis Caminhemos á esquerda, centro e direita mas sempre unidos rumo ao futuro...em linha recta e sempre atentos às sombras populistas 
( tendência global) que se alimentam do medo e do desespero e ...25 de Abril Sempre!!! 24 antecedente nunca mais!!!|

quinta-feira, abril 23, 2020

Diário de um Quarentão (em "quarentena") Parte II





Chuva com gotas lentas e escorridas que morrem em ondas curtas de sol forte e pleno no tempo (do tempo sem tempo) que custa a passar. O mês de Abril tem trezentos dias e trezentas noites, com o comprimento de um qualquer muro interminável no qual fixamos o olhar e nos sentimos derrotados á priori (o caminho faz-se...escalando...não?!).

Um caracol corajoso agarra se á parede gasta da minha varanda (do meu refugio ) e com o seu ritmo não frenético abriga se no seu escudo natural ao sentir a curiosidade canina do Beiças. Todos nós procuramos (nestes tempos estranhos e difíceis) santuário seguro e refúgio salvador para podermos fugir aos medos e angústias que nos assolam.

A tarde passa...mas não o caracol...firme e resistente prossegue (persegue) o seu caminho firme, lento, sem desvios. Talvez nos falte isso a nós humanos: O firme caminho da resiliência sem nos desviarmos um milímetro da meta (rota) traçada.

Não resisto de adulterar o destino...pego com cuidado no meu lento novo amigo, altero a trajectória e vicio o jogo. Agora o santuário animal da lentidão está num vaso da minha varanda no meio do verde rotundamente verdejante, mesclado na terra húmida e forte, negra como uma noite escura sem estrelas que pintem o céu (no meio do negro irromperá a esperança).

Longos dias tem Abril e este não ano da nossa (re)descoberta; sim...não não irá ficar tudo bem ou igual, nada será como o amanhecer da esperança de janeiro nem como os ciclos das renovações  firmadas num qualquer pacto de objectivos anuais.

Cresceremos entre a chuva e o sol, entre as gotas que caem do divino ao qual nos agarramos e o calor arrebatador  que nos dá a esperança do escoar  destes tempos com tempo a mais.

Trago a última gota de vinho alentejano, apago um cigarro profundo e olho pela última vez pra um qualquer caracol forte e firme que viu o seu trajecto subvertido (com a melhor das intenções). O Beiças vem me tranquilizar docemente entre quatro patas de carinho e afecto sincero no seu olhar profundo. Acho que me quer apenas latir no seu dizer de que não ficará tudo bem mas no inicio no meio e no fim o AMOR (com letras garrafais) sem fronteiras, os beijos e os abraços triunfarão. 

quarta-feira, abril 22, 2020

Dia (da) Criatividade





|Hoje é o dia mundial da criatividade...ser criativo é agitar as águas, ser provocador e marcar a diferença seja nas palavras escritas, nos odores visuais e nos formatos das mensagens...| A todos nós que criamos um Carp Diem com a provocação devida 🤭😉🤔💡|
👆🇵🇹👇🇬🇧
|Today is the world day of creativity ... to be creative is to shake the waters, to be provocative and to make a difference in written words, visual odors and message formats ... | To all of us who created a Carp Diem with due provocation 🤭😉🤔💡 |

quinta-feira, abril 16, 2020

Diário de um Quarentão (em "quarentena") Parte I




Tempos estranhos estes que vivemos no enredo de uma pandemia (infelizmente tão previsível) neste mundo globalizante em que voamos todos os dias a uma velocidade vertiginosa sem tempo, muitas vezes, para pensar, tão somente para agir (reagir).

No meio dos "quarentas" vejo me confinado (como milhões) a um exílio forçado e á limitação de acções e livres arbítrios que eram dados como adquiridos com o selo de  propriedade absolutista de cada um de nós.

Os actos (outrora) banais das rotinas do dia a dia tornaram-se na sua remodelação pandémica uma força libertadora á qual me agarro como o ar precioso que todos nós respiramos. Ir comprar pão quente e fumegante, passear o Beiças para as necessidades caninas básicas ou fumar um cigarro rápido a olhar para o céu do futuro incerto, parecem-me manjares dignos de qualquer deus do Olimpo terreno.

A vida tal e qual como a conhecíamos foi suspensa momentaneamente, nas redes sociais do nosso (des)contentamento derramamos as fotos de almoços e jantares passados, de viagens majestosas e de grupos de amigos e famílias inteiras desfeitas fisicamente qual muro de Berlim universal (ou grande muralha da China...) que nos emparedou a todos.

Ao final da tarde fria e chuvosa a libertação da varanda e do jardim; leitura lânguida e atenta  devorando um cigarro lento como o tempo congelado dentro do copo de vinho encorpado pelas nuvens que passam. Pés nus no chão frio mas a alma vestida com o sentimento forte que voltarei a trajar as roupagens de um passado recente onde nos tocávamos , beijávamos  e se partilhavam copos e afectos no cheiro e odor da presença física e quente daqueles que iluminam o nosso mundo.

sábado, abril 11, 2020

Eanes: O Último dos Moicanos

Recordo-me dos meus primeiros aromas políticos ás "cavalitas" de meu Pai (e pela mão sábia e carinhosa da minha Mãe) e do mítico cinema ao ar livre de São Luis onde vislumbrei Maria Lurdes Pintassilgo ao vivo e a cores no inicio da década de 80.

De miúdo imberbe e curioso com toda a plástica do mise en cene envolvendo a política e seus intervenientes, passei para a pré adolescência rebelde onde no cinema Santo António vi as lágrimas de meu Pai no entusiasmo de fé desesperada e emocional  perante a  derrota eminente de Mário Soares (um guerreiro) VS Freitas do Amaral (um cavalheiro) em oitenta e seis.

Cresci na esquerda da esfera das lutas democrática e plurais de grandes figuras com a sedução pelas  suas imperfeições hiperbólicas e das suas virtudes morais e de combate (figuras de esquerda, centro e direita note-se...).

Ramalho Eanes representou sempre para mim a verticalidade, o poder de liderança pacifica e a capacidade humanista (ironicamente não militarista...) de unir pontos aparentemente díspares da sociedade portuguesa pós vinte e cinco de  Abril.

Sempre analisei este General sereno com um ar (falsamente) austero como alguém fora da órbita partidária tradicional e de todas as guerras (muitas de alecrim e manjerona) dai adjacentes. Figura consensual para muitos, odiado ora  por uma  certa esquerda mesquinha presa no tempo passado  recente do 25 de Novembro (e não só...) e por um centro/direita com o pudor de um conservadorismo (quase) saudosista do salazarismo bafiento; Eanes imperturbável seguiu o seu próprio caminho com a serenidade (leia se seriedade) somente ao alcance de alguns.

Tudo desagua na recente entrevista (para quem não visualizou link aqui) na RTP 1 em que a frase emocionada em que menciona que sendo um "velho" tem obrigação (ele e os "outros") de ceder o seu ventilador, se necessário, a um "homem com mulher e filhos".

Assisti com atenção a criticas construtivas, a não concordâncias bem fundamentadas mas também a um chorrilho de asneiras de pseudo iluminados tentando dar um sentido bem diferente ás palavras emocionais e sábias de Eanes (a meia hora de entrevista para mim é uma ode de inteligência de um grande Homem).

Para mim Eanes merece um titulo de filme de sucesso: Certamente o "último dos (bons) moicanos"....








quarta-feira, abril 01, 2020

Ensaios de Solidão



|Arrepiante e Comovente...estas imagens atravessam religiões e credos diferentes, uma praça deserta onde um homem no silêncio e solidão carrega a ansiedade e medo de um mundo recolhido e em auto isolamento| Francisco a dar lições de comunicação e de forma brilhante a passar a mensagem chave: Estamos todos no mesmo barco, nunca a igualdade entre homens esteve a nu como neste momento, nunca foi tão prática e real como nestes minutos recentes congelados e reservados para a eternidade| 🙏❤️👏🇻🇦 |

|Creepy and moving ... these images cross different religions and creeds, a deserted square where a man in silence and solitude carries the anxiety and fear of a withdrawn and self-isolated world | Francisco giving lessons in communication and brilliantly passing on the key message: We are all in the same boat, never has equality between men been naked as at this moment, it has never been so practical and real as in these recent frozen and reserved minutes for eternity |

domingo, março 22, 2020

"Covidiot dixit"


|Humor & Realidade (just read it)|Enviado por um grande amigo não resisti em partilhar com todos vós, juntos nesta nau que chegará a bom porto 💪🙏🥇|

terça-feira, março 17, 2020

"Vida Esta Puta Danada" (anti-covid19 tm)

Este é um não texto desalinhado nos conteúdos, dis(con)fuso, terrivelmente emocional; com ameaça permanente de calão de baixa densidade literária mas com calorias de pimenta elevadas ao cubo dos tempos estranhos que vivemos.

Dias de emoções fortes para todos nós, no meio da epidemia pandémica reencontramo-nos uns com os outros por momentos. Em cada casa um castelo, em cada coração fraternidade e preocupação pelo outro; soluço um cigarro e penso com um sentimento puro (vindo de um gajo impuro é obra) nos milhares que defendem os dez milhões (e nos milhões que defendem biliões).

Atormento-me, envio dezenas de mensagens para todos os que me lembro que estão na linha da frente, afinal os sacanas também choram (e eu tenho chorado, e eu tenho me emocionado) e fumam avidamente a vida: Puta danada mas na dança da qual gostamos de nos incomodar, de ir mais além, de superar até as pandemias mais cruéis.

Telefonemas constantes, mensagens de parte a parte (tantas partes); o sentido genuíno de nos importarmos uns com os outros; saudações que se repetem "cuida te", "um abraço", "um beijo", "estamos juntos". 

Afinal o mundo encurtou ou alargou?!

Em cada alma um corpo de emoções, em cada espirito um medo medonho de fugir mas estranhamente algo nos faz ficar, lutar e sonhar no real que não existe Covid desta vida que nos foda e nos domestique.

Mesmo com a burrice desviante dos Trumps e Bolsonaros desta nossa estranha (muitas vezes) universalidade, mesmo com videos e fake news em audio perturbador, mesmo com a falta de atitude de alguns e tentativas de ganhos mesquinhos de outros tantos, nós prevaleceremos...

Sim NÓS prevaleceremos...na insónia dos medos que nos irão colocar em causa nos próximos meses, nas lágrimas de desespero pelos que amamos (acho que agora talvez amemos o mundo por alguns momentos), na penúria dos nossos abismos mentais...SIM...mesmo assim venceremos e sairemos desta crise com o vinculo reforçado a quem nunca nos abandonou nem nunca  nós abandonámos, a quem não conhecíamos e aprendemos a conhecer.

Abraço-vos a todos sem excepção (daqui a algum tempo poderemos todos dar aquele abraço e sermos abraçados, sentir aquele beijo e beijar, fumar aquele cigarro e beber o tal copo de vinho ou saborearmos a água límpida de uma vida renovada).

Fiquem Bem Ninguém Está Sozinho...






segunda-feira, julho 08, 2019

Jangadas de Pedra: Do mediterrâneo á América do Norte.

Assobiamos para o lado, revoltamo-nos momentaneamente com fotos choque mas entre mortos mediáticos e afogamentos em massa, seguimos a nossa vida diária, sofrendo momentaneamente, aliviando a nossa consciência de cidadãos do mundo com posts nas redes sociais e mensagens de indignação.

Do mediterrâneo á América do Norte circulam jangadas de pedra com pessoas de carne e osso; rostos uniformes no sofrimento e na ânsia de uma vida melhor longe das paredes esburacadas com o sangue de guerras alimentadas mundialmente á escala politicamente correcta de conflitos denominados como"regionais".

A massa política (a radical) alimenta o discurso de que não podemos receber estes migrantes sem pátria aparente, do perigo de terroristas camuflados na turba sofredora, de "encostados sociais" que somente desejam viver á custa do erário público europeu e americano.

Nada de mais (no global) errado. Entre milhares de deslocados existem obviamente um número de indivíduos potencialmente perigosos e danosos para a potencial sociedade de inserção. No entanto a amálgama formativa da multidão revê se no desespero do salto do escuro perseguindo um foco de luz de esperança para um futuro melhor.

Não existe senso (estado)  racional  que constitua como arguidos pessoas que se preocupam com pessoas, pessoas que salvam pessoas de morrerem sozinhas no escuro de um mar gelado ou abraçados aos filhos num leito de rio fronteiriço. Não existe lógica do nominal social de que por não termos (nós mundo) condições económicas e sociais para recebermos uma multidão de desamparados e fugitivos do horror os deixemos a afogar e a assobiar alegremente para o lado.

Concordo em absoluto que as políticas de entrada de cidadãos tem de ser legisladas, (re)formatadas e feitas em concordância com um equilíbrio que permita a a todos terem acesso á dignidade, ao alimento, educação e segurança. Concordo de que não é possível na Europa e nos States (infelizmente tão Trumpianos nos dias que correm), recebermos sem lei nem roque "tudo e todos". Reforço que os potenciais terroristas e elementos nocivos para as sociedades de inserção devem ser identificados e sujeitos a controle absoluto e apertado.

No entanto condenar heróis que salvam, reprimir de forma selvagem, construir muros intransponíveis não resolve o problema, somente o radicaliza e o agrava.

Urge o (re)encontro de conceitos e políticas que permitam que pessoas como Miguel Duarte ou Carola Rackete não sejam considerados míseros criminosos apenas tão somente por salvarem o seu semelhante.

No complemento da desgraça colectiva, um mea culpa das grandes (e intermédias) potências relativamente a uma política externa com base na premissa do preço do barril de petróleo e da conquista territorial (real, política e virtual no jogo de controles de poderes e sub poderes).

O caminho faz-se caminhando...não cimentando muros físicos e mentais...






quarta-feira, maio 29, 2019

"Europa Universalis" (versão tuga)

Tendencialmente em cada eleição europeia parida no velho continente , surgem os habituais sinais (reais) de pânico no constatar do avanço da extrema direita e das suas idéias de ódio e sectarismo.

Os analistas tratam de acalmar as hostes após o choque inicial, analisando - analiticamente - essa subida como afinal um "up" não tão acentuado como o que seria de supor. Nos nossos sofás tecnológicos com o zapping ao alcance de um click, suspiramos de alívio e esperamos (dormirmos) pelo veredicto daqui a quatro anos.

Na tugolândia, até prova de contraditório, não padecemos (felizmente) ainda do síndrome do avanço galopante (a nível percentual) da direita extrema radical ou de movimentos encapotados entre esquerda e direita de nacionalismos ocos e populistas.

Aqui em Portugal as questões que se colocam após as últimas europeias são de uma natureza mais docemente pacifica...

Costa provou a si mesmo, e avisou os aspirantes a herdeiros da geringonça governativa, de que mesmo com um candidato fraco, sem carisma e desconhecido do grande público votante, poderia ganhar facilmente este acto eleitoral.

Marisa navegou na onda da subida acentuada do Bloco, que com o carisma da candidata subiu pontos e marcou campo no arco potencial de uma futura governação ou na(s) Crista(s) da linha da frente da oposição. 

No lado ecológico o PAN confirmou que os verdes europeus sobem em bloco conjunto no mosaico do mapa da europa universalis. Ser verde, mais do que uma moda, é já uma tendência forte e sólida, apesar de programas algo vagos, fruto da supressa (em Portugal) de uma eleição não esperada.

Jerónimo, guerreiro moldado na escola tradicional comunista, vê o BE fugir e sente o efeito de uma queda perigosa fruto da ferida aberta a uma esquerda tradicionalista e fechada que já não convence o sedento eleitorado. No entanto "as noticias da minha morte são manifestamente exageradas", e como sempre os Comunistas encontrarão um plano B que permitirá uma eventual refiliação (total ou parcial) de eleitorado (embora o Bloco prometa não dar tréguas).

Nos lados do PP uma campanha antiquada, com timings inadequados e uma lógica "noir" fomentou uma queda e descida ao mundo terreno por parte de Conceição Cristas, que desde o excelente score alcançado nas autárquicas alfacinhas, aspirava ao papel messiânico de líder da oposição.

Rio navega agora em águas turvas e nada límpidas; com o efeito Rangel a ser um tiro ao lado, o líder supremo da frota astral laranja ganhou apenas uma pequena margem até ao cenário apocalíptico que poderá vivenciar em Outubro próximo. O esvaziamento dos Sociais Democratas não é propriamente  uma boa noticia para o nivelar de forças no eterno arco da governação.

Por último notas soltas para uma abstenção que terá que fazer meditar a classe política: Um fenómeno de desinteresse e falta de motivação (formação) cívica ou um (não) voto de protesto por uma real politik egoísta e toldada por personagens cinzentas e por um modo operacional de fazer ("vender") política desconectado da realidade actual?