Derivando entre um chá quente e aplacador, visiono o video dos Simple Minds "Mandela Day". A memória escorre para tempos que não vivi mas aos quais me sinto ligado pelo calor do ferro que foi derramado contra o sangue da esperança vertida. Lembro-me do meu pai falar do Zeca Afonso nas tertúlias clandestinas na Brasileira em Faro e da forma como esse nosso Mandela branco pedia emprestada uma gravata a um qualquer funcionário da escola industrial da minha cidade pra poder dar aulas aos seus alunos. Diz a lenda que o Zeca a colocava por cima das suas camisas à pescador garridas, impregnadas com a rebeldia do pó da liberdade. Branco ou preto, Mandela não é - para mim - um homem; é muito mais do que isso : É uma forma de enfrentar a vida árdua com centelhas de esperança.