terça-feira, junho 09, 2009

Saramago vs Berlusconi

É a par de novos dados e fotografias de festas organizadas pelo chefe do Governo italiano na sua casa de campo da Sardenha que José Saramago surge nas páginas do diário espanhol El Pais com um artigo carregado de críticas e acusações. O escritor português volta a qualificar Silvio Berlusconi como um "delinquente". O mesmo epíteto que o escritor de 86 anos reservou ao governante no livro "Caderno", que a editora Einnaudi, propriedade de Berlusconi, se recusou a dar à estampa.

"Não vejo que outro nome lhe poderia dar. Uma coisa perigosamente parecida com um ser humano, uma coisa que dá festas, organiza orgias e manda num país chamado Itália. Esta coisa, esta enfermidade, este vírus ameaça ser a causa da morte moral do país de Verdi, se um vómito profundo não conseguir arrancá-lo à consciência dos italianos antes que o veneno acabe corroendo as veias e destroçando o coração de uma das mais ricas culturas europeias", escreve Saramago.

"Desde há vários anos", prossegue o Nobel da Literatura, "a coisa Berlusconi comete delitos de gravidade variável mas sempre provados. E que mais é, ele não transgride as leis, mas bem pior, com efeito fabrica-as para proteger os seus interesses públicos e privados, do político, do empresário e do acompanhador de menores".

Berlusconi "caiu na mais completa abjecção"

No que toca aos "padrões morais", escreve ainda José Saramago, "nem merece a pena falar, não há quem não saiba em Itália e no Mundo que a coisa Berlusconi há muito tempo que caiu na mais completa abjecção".

"Os valores básicos da convivência humana são pisados todos os dias pelas patas viscosas da coisa Berlusconi que, entre os seus múltiplos talentos, tem uma habilidade funambulesca para abusar das palavras, pervertendo-lhes a intenção e o sentido, como no caso do Pólo da Liberdade, assim se chama o partido com que assaltou o poder", vinca o autor.

As novas imagens captadas na residência de campo de Silvio Berlusconi integram um conjunto de 100 negativos apreendidos pela justiça de Itália, na sequência de uma queixa do governante por alegada violação da vida privada.

Cit in RTP

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