sexta-feira, junho 01, 2007

PARA IRENE COM AMOR


Lembro-me apenas dos cheiros fortes visuais; das fragâncias perdidas na pele enrugada de várias décadas de trabalho duro e precário. Recordo-me também do jeito irreverente e cumplice, das conversas tragadas na nossa intimidade publica familiar. Penso na força que iradiava na sua aparente fragilidade de mulher-mãe e de mulher-avó; afinal criatura galinha de seus ovos que - à sua maneira - eram sempre de ouro puro, reluzente e forte. Humor cáustico corrosivo até ao fim. Viajou e divagou, partiu e fez voo sem se despedir de mim. Crime sem perdão no fulgor do momento. Perdoado pelo tempo intemporal que traz a maturidade e tolerância feita de açucar refinado que se derrete nas ondas da memória. Guardo até ao final da minha vida conturbada uma frase tranquila, ditada horas antes do começo da minha aventura rumo à Invicta : Com amor tudo se cria e tudo se consegue. Acho que minha memória descritiva lhe chamava outrora Irene. Hoje não recordo o nome, apenas a miscelândia de sentimentos quentes que me percorrem as veias da memória. Beijo grande. Until we meet again. Not yet. Not yet.

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