segunda-feira, junho 18, 2007

O DESEMPREGO DE FIGO(ou como o silêncio é mesmo de ouro)


Lembro-me que a minha primeira grande entrevista foi no longinquo ano de 90 com cheiro de verão quente e aromatizado. Nervoso graúdo ao entrevistar o professor Carlos Queiroz numa maratona (pobre e paciente professor...) de três horas, fruto do primeiro contacto com uma figura superstar. No ano seguinte após o bi-campeonato de sub-20 para os tugas, a tarefa avizinhava-se mais dificil. Entrevistar de uma só vez, os craques Paulo Torres, Emilio Peixe e um Mister Big que já levava o mundo do futebol ao delirio : Luis Figo. Durante os anos seguintes Figo assumiu-se como um lider carismático, um jogador predestinado com espirito de liderança e consequente carga de profissionalismo, indiscutivel, indesmentível e inquestionável (a minha teoria absolutista dos três "Is"). Custou-me portanto "engolir" a sua afirmação aquando da sua - abortada - transferência para as arábias , exclamando que era tão somente um jogador de futebol desempregado. Afirmação normal dirão muitos. Afirmação banal digo eu. Quando estamos numa encruzilhada na lusitânia de desemprego galopante. Quando estamos num pais em que existe gente a passar fome. Quando estamos num pais em que os politicos são na generalidade banais, corruptos ou potencialmente corruptíveis. Quando estamos num pais fatalista feito de fatalidades feridas de morte. Quando nos agarramos aos nossos idolos mitificantes (como Figo), não existe paciência para ouvirmos frases banais de gente inteligente e que singrou - justamente - na vida. É que , caro Luis Figo, temos que nos agarrar aos sonhos que figuras como tu ainda nos possibilitam. Caro amigo, nunca digas o que nao pensas nem sentes. Já conquistaste espaço para tal façanha. Não concordas?!

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