sábado, junho 09, 2007

EU GERAÇÃO DE 74 ME CONFESSO


Lembro-me essencialmente dos joelhos esfolados. Sangue misturado com lama molhada da chuva de inicio de inverno. Futebol dominical entre amigos, perante o olhar petrificado mas complacente das mamãs extremosas, na altura da chegada a casa após a batalha campal amigável. Jogávamos futebol com alma de putos adolescentes que julgavam dominar o mundo dos adultos. Saiamos e tragávamos as primeiras cervejas, chorávamos as primeiras paixões ardentes. Ardiamos de tesão pela vida que estava já ali para ser vivida e sentida, não somente nos nossos caminhos e aspirações individuais, mas também no acto generoso de união colectiva entre amigos intemporais. Éramos a geração de setenta e quatro, moldada ainda nas ilusões e sentimentos de nossos pais. Valores simples, (re)ajustados a um mundo que já queria mudar e deixar-nos confusos na encruzilhada existencial que as mudanças profundas criam e das dúvidas que dai advém. Crescemos juntos. Chorámos de raiva doce quando o Farense perdeu a final da taça em 89 e arrastámos 35 mil a uma só voz no Jamor. Rimos nervosamente quando lutámos contra a prova geral de acesso (PGA) em 90, e fomos suspensos por encarcerar a nossa escola com correntes de liberdade. Gritámos com gestos de vitória quando conquistamos - por mérito próprio - o acesso outrora negado a nossos pais (pela vida madrasta de outros tempos) à universidade e seus sonhos quiméricos. No hiato do tempo fomos pais e mães, fomos combatentes com causas colectivas e não somente próprias. Fomos amantes e amigos, carrascos dóceis com crises de consciência e executados com o pescoço orgulhosamente esticado - rumo ao cadafalso - com a arrogãncia que a razão lirista arrasta.

1 comentário:

Anónimo disse...

soberboooooooooooooo dalhe farense ganda malucooo ehehehhehehehe!!!!!