A onda de calor continua em crescendo, despoletando uma dor de dentes forte e intensa, fruto de um dente de siso mal amanhado e com descuido óbvio do detentor que derrama estas linhas. Insónia forçada e teimosamente longa, leva-me a pegar no portátil, emigrar momentaneamente para a varanda, disfarçando na escrita a dor incomodativa.
Lembro-me das histórias de fábula que povoaram a minha versão infantil, onde os contos populares da minha mãe e avós, se misturavam com as "tangas" normais de histórias (re)inventadas pelo clã familiar central mencionado, visando dar ordem e disciplina mental a uma criança irrequitea e ávida de curiosidade do mundo.
Imaginava uma qualquer fada dos dentes, voando raso, recebendo os meus dentes de leite caidos em troca de desejos vários. Com cabelo brilhante e olhos claros, reluzia em associações mentais de criança, fazendo-me voar para cenários desconhecidos e novas aventuras.
Os anos passam e as dores e desafios perfumados por vezes de barreiras densas, são de outro tom. No entanto a capacidade de sonhar e ver nas dificuldades o ponto de partida para novas vitórias continuam a me alimentar a alma - nua - daquelas defesas que nos transformam em animais conformados em que o negro do negativismo impera.
Por vezes não é fácil combatermo-nos a nós próprios e (re)inventarmos os caminhos a galgar. Nessas alturas penso em todos aqueles que amo e respeito, os que estão perto e os que (aparentemente) estão longe e distantes. Afinal, herdei essa capacidade das minhas Fadas dos Dentes...
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