sexta-feira, abril 02, 2010

Simplesmente Saudade...

Saudade Só



Hoje vieste ver-me 
a troco de um pensamento 
que não se esconde 
na ressonância adormecida 
num olimpo. 

Vieste e trazias 
um ramo de palavras cintilantes, 
flores que pacientemente 
escorrem entre o alfa e o omega 
como um perfume de tempo. 

Hoje a tua visita 
apareceu à janela do tempo 
que a paisagem do nosso olhar 
incendeia num vespertino silêncio. 

De corpo cansado 
das pedras que colhi 
na paisagem transparente erguida 
adormeci na pausa 
tão perfeitamente adormecida 
do nosso paraíso 
que tarda a acontecer. 

Hoje vieste ver-me 
E, sem ter de tocar 
no mármore da paixão, 
contigo fui devagar 
ver o tempo passado para nele escrever 
o tempo do amor 
voz da nossa idade 
que nossos olhos cantam 
no canto do nosso olhar. 


Carlos Melo Santos, in "Lavra de Amor"

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