Um dia se nasceres irás te chamar Yara, como a rainha das águas no outro lado do mundo pequeno e curto. Terás no sonho do meu desejo olhos verdes e flamejantes recortados em sobrancelhas salientes e olhar de fogo com cabelo em fios de oiro acastanhados e loiros; como convém a uma pequena deusa. Se nasceres meu amor, brincarás na terra molhada do campo e na areia seca pelas ondas de mar que não chegam. Serás amada até a exaustão, pois um fruto de amor é quente, grandioso e brilha que nem mil sóis. Sim...serás um sol doirado e verde...já te vejo em meus sonhos continuados: Pequena, indefesa mas forte; frágil mas em crescimento.
Trazem-te abraçada em sonhos de jardins conhecidos e rostos que trago no coração com saudade dolorosa da palavra saudade; mas doce no sentimento do que já me deram. Se um dia nasceres serás Yara, como a nobreza plebeia de um nome invulgar. Trarás em ti minha filha o selo da luta e da força, percorrerás este mundo de loucos com uma pistola de flores na mão e dispararás o fruto doce do amor que te constitui. Serás Tu...não serás Eu...não serás a tua Mãe...mas levarás em ti a marca do que nós somos. Uma pequena costelinha apenas...afinal serás a minha pequena grande marca no mundo. No dia em que partir morrerei sorrindo porque viverei em ti para sempre, na imortalidade pequena do momento grandioso em que abriste os olhos.
Talvez sejas apenas um sonho que nunca vingará, que nunca passará de um desejo de amor perdido ou ganho em pedras duras mas quentes e sentidas que descarrilam em cima da minha cabeça. Talvez o sonho que me traz a ti não seja mais do que um sonho repetido até à exaustão do que não irá nunca ser.
Mas mesmo que não vivas, que não nasças, serás um sonho lindo na minha cabeça...se por um acaso do destino inevitável vingares na semente do amor, irei-te ler as palavras de sonho que hoje escrevi na ilusão pensada e sonhada em ti...
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