As iluminações reluzentes em tons de cores kitch indicam que a altura do gordo felpudo de barbas brancas, está quase a chegar. periodo temporal em que somos bombardeados por vendedores de sonhos multinacionais à escala planetária. Altura também de balanços estupidificantes, de recomeçar a erguer forças para mais um ano de luta em que a luz ténue ao final do tunel parece sempre disfusa e dificil de alcançar. Somos assim o produto inacabado de um pais sem vergonha da sua classe politica e dirigente. Um pais que vive pachorrento à beira mar plantado, amansado pelas águas calmas do atlântico; adoçicado por especiarias sem aroma e materialismos débeis e fracos. Somos aquilo que elegemos. Explicando de outra forma somos um pais acomodado que elege dirigentes com vicios e ambições desmedidas. Temos um governo sedento - no seu geral - com sede de manter o poder autísta e temos uma oposição com sede sequiosa de alcançar esse mesmo poder para o materializar para esses mesmos fins. Podem ser laranjas amargas da moda fora de tempo, bloquistas em invólucros modernos, comunistas perdidos no tempo, centristas perdidos no espaço-contexto, verdes por arrastão ou mesmo as rosas autistas do poder. Somos um pais de diálogos de surdos, de futebol como religião institucionalizada; e o profano de chegar ao final do mês sem tostão fruto do nosso individamento material e moral. Nervosamente, continuamos a acreditar que o ciclone Mariza Cruz não casou com o João Pinto e nos vai dar a chave do euromilhões e que o homem felpudo e irritante de barbas brancas existe mesmo num qualquer canto mágico do iceberg gelado que constitui o nosso cérebro congelado nas heresias destes tempos que voam rápido e que nos fazem suspirar longamente entre as brumas da memória de um pais feito de mantas de retalhos esburacadas na sua essência.
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