Derramo um moscatel sublime deitado no sofá aberto de palavras soltas. Estendido, adquiro a posição certa para o clique mental, que permite o disparo de pólvora molhada; mola impulsionadora para mais palavras e ideias sem rumo definido.
O acto de escrita, para mim, representa um processo criativo de rebeldia. Forma de corporizar num contexto fisico o que penso do mundo, das pessoas e das vivências inerentes. Não gosto de compartimentos estanque nem das denominadas regras formais da escrita cinzenta e pré-formatada de estética e conteúdo.
Vomito palavras e sua pontuação com a a cadência que a minha mente ordena e assume os desejos de, através do verbo, partilhar a minha posição no mundo. Faço uma pausa para acender um cigarro, enroscando-me no sofá como um bebé no colo materno.
Afinal solto apenas a criança sincera que existe em todos nós...sem barreiras nem dogmas...verto nas teclas e observo fugazmente o copo meio vazio, meio cheio. Lá fora o sol brilha e o mundo gira...tal como a vida...