Nunca compreendi bem a "cena" das revoluções heróicas sem tiros e sangue: Onde tudo parece, como por magia, se transformar na versão Guevarista de "Alice no País das Maravilhas".
Recordo-me das histórias que preencheram a minha infância; onde meu avô e meu pai falavam com entusiasmo do Abril do nosso contentamento. Afinal, data onde tudo mudou à base da pólvora seca e com meia dúzia de vidas ceifadas por atiradores cobardes da tenebrosa e visceral policia do estado: A PIDE-DGS.
Choca-me que no Egipto a revolução que começou mansa e pacifica se tenha transformado numa escalada de violência com (já) centenas de mortos registados no obituário colectivo dos mortos sem rosto. Enerva-me a inércia passiva de um ocidente europeizado, onde o comodismo vence de forma vergonhosa sobre a acção que deveria prevalecer.
Mas o que me fode mais; é mesmo ter do "meu" lado a fundamentação prática que as revoluções com heróis impolutos e sem rostos de morte anunciada, somente existem nas fábulas que meu avô e meu pai me generosamente me contavam.