Desde os 18 anos que me habituei a andar como um cigano nómada. Mochila às costas, ondulando os ossos de lés a lés em viagens longas. O Porto foi o destino escolhido para o curso de faculdade e para um amor que dura até hoje. Viagens intermináveis em bancos de autocarros ou na doçura de um combóio barulhento, eram alimentadas pela ansiedade do eterno retorno ao Algarve prometido. A ressaca das noites mal dormidas e camas partilhadas preenchiam os sonhos que me gravitavam a alma. Julgava ser invencivel, julgava ser o mais sexy e o mais poderoso. Julgava ser aquele a quem estava destinado o melhor dos futuros, trepando para a cauda do cometa e ultrapassando os píncaros da fama terrena. Ainda hoje conservo o hábito de sonhar em viagens longas. Os sonhos são agora mais terrenos e humildes; mas continuo com aquele brilho nos olhos que permite pensar que o amanhã se conquista pela luta sincera e pela capacidade de transformar derrotas em passos intermédios para as mais doces vitórias.
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