Entre um whisky destilado e um cigarro pensador, lembro-me das histórias do meu avô Correia, nos tempos em que era porteiro do Olhanense. Recordo-me também do meu pai falar das vezes que os tostões eram pingas etéreas e em que o meu avô arriscava no destino e percorria a pé, pela linha do comboio, os 7 km que separavam Olhão de Faro. Por outro lado o irmão forte e fiel do meu Avô ( Evangelista) navegava nos mares difíceis da marinha mercante, conquistando também a vida nas amarras da luta. As ondas deslizaram no tempo e o meu Avô partiu de forma estúpida e precoce num acidente perdido no tempo. O seu irmão – companheiro fiel e leal – partiu há pouco mais de um mês.Um ciclo que se fechou. Já fui rei e príncipe, mendigo refinado e rufia revoltado-pacifico; no entanto mantenho o orgulho imenso de coração cheio da amálgama que me fez : As minha origens de gente pobre (nobre) e lutadora que triunfou à custa do trabalho, mas essencialmente da fé e esperança do sol do amanhã. Mesmo em tempos difíceis continuo a ver essa esperança de luz no rosto da Sandra, nos olhos dos meus país, no porte do Sr. António na candura doce-forte da D. Esperança ou na sensibilidade da Jeh. No rosto da minha avó vejo a marca da luta bem vivida; nos seus bisnetos vejo o sangue a fluir orgulhoso e o rugir do leão que cresce. Tudo na vida é uma questão de uma runa de sortes e azares, de encontros e desencontros. No entanto algo que as conversas com o meu Avô Correia e Tio Evangelista me ensinaram, foi que a a família e o clã não se limitam ao mero laço de sangue. Afinal os elos e laços somos nós que os criamos ao longo da caminhada. Tudo uma questão de coerência de dentro para fora.
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