Um dia corrido e agitado o de hoje. Confesso-vos sou um pouco um viciado em adrenalina da catarse rápida do dia a dia, frutos de (alguns) maus hábitos antigos. Fumei demais e bebi café demais; em compensação o dia escorreu rápido. Sinal afinal de produtividade, luta e trabalho. No café preferido as conversas do costume; rostos por vezes fechados pelas agruras do dia a dia, mas sempre aquele toque tão tipicamente português de humor, que nos permite marchar em frente apesar das (aparentes) paredes de betão sólido no caminho concreto que traçamos. Nada é certo, nada está definido. Muito depende da nossa capacidade de sofrimento, luta e ressistência por vezes heróica. Foi dia de cortejo da Queima das Fitas; aproveito para dar uma espiada rápida e recordar outros tempos, outras caras e sorrir apreensivo perante o fado que irá guiar os finalistas cartolados no mundo conturbado do mercado de trabalho. Em muitos rostos ingenuidade pura, noutros tantos escorre a arrogância altiva que eu também já tive na suprema soberba de que o mundo é nosso. Morrison (Jim) cantava no meio das suas alucinações deliciosas e terpidantes : "We want the world and you want im now!". Acho que, humildemente - mas sem falsas humildades - continuo a ter uma pontinha de arrogância, de sonho e de desejo de mudar o mundo. Agora de uma forma mais racional e realista, mas com o toque do mote da canção de Morisson sempre a ecoar na cabeça por vezes perdida e momentanemente disfusa. Apago um cigarro lânguido e faço a filtragem do dia fugidio. Amanhã é dia de nova etapa de ressistência. Hoje só quero afogar-me na "Máscaras do Destino" de Florbela Espanca e sonhar com um (a)manhã de sol pleno. O mundo por vezes é cego, mas desde que a fornalha dentro de mim veja...
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