Acordo 5 minutos adiantado. Rapidamente recupero e atraso-me 5 minutos a mais na cama quente que nem fornalha do inferno dos justos. Assino rapidamente a minha sentença do dia: Correr sem recuperar os minutos perdidos.
Por 5 minutos não me cruzo com o carteiro na primeira entrega do dia; pelo mesmo período de atraso "apanho" a primeira fornada apetitosa de pão crepitante no café de sempre. Zarpo, acumulando atrasos, e lanço-me furiosamente na entrada do metro onde cada alma representa o mesmo purgatório de minutos por (re)contar.
Desço-me no sitio do costume. Chove miudinho e a ida rápida à Igreja da Trindade é ritual muito meu e já indispensável. Mais do que nunca um crente em reconstrução constante. Vale o que vale mas sinto (me) assim.
Sinto muito, mas mais minutos acumuláveis no atraso padrão dos "5 minutos". Um café rápido numa tasca de ocasião e o primeiro cigarro do dia fumado rapidamente a ritmo elevado. Chamo o elevador e a eternidade prende-se na espera: Mil pensamentos sem ordem aparente.
Pouso a mochila na secretária e despejo os portáteis - antes o primeiro "bom dia" bem humorado aos colegas de "faina". Mais um dia em que a lógica aponta para tentar vencer, fazer melhor e transcender-me. Mas a porra dos 5 minutos...já não os apanho...