domingo, julho 11, 2010

Trapézio Voador

Lembro-me de ser um puto verde e inocente e adorar as feras do circo, os palhaços coloridos e os malabaristas elásticos. Metia-me medo os leões e os elefantes que desfilavam ao som do chicote de um qualquer domador férreo e ditador nos actos mecânicos de subjugação.

Mas o meu fascinio galopava nas asas de um bom número de trapézio voador. Encarava a chegada dos meus heróis, no meio de collants justas e lantejoulas fora de moda, como o momento único que marcava a minha ida ao circo da minha juventude.

O factor do risco anunciado era assumido no silêncio de morte que, derramado no ar, tomava conta das centenas de espectadores anónimos na bancada colorida pelo algodão doce rosado e picocas estridentes de gula juvenil e adulta.

Agarrava as mãos de meus país com a força de um amante  jogado vorazmente na boca doce de sua cara metade. Suspirando fundo, fixava o olhar nos desafiadores da lógica gravitacional, daqueles que se prendem no sonho que comanda a vida e não tem medo de voar livres. 


A Peta (Todd)

Diferença(s)

Escrevo estas linhas minutos após a selecção de nuestros hermanos ter ganho (justamente) o mundial 2010 in South Africa. Os meus "favoritos" da laranja mecânica sumarenta, perdem a sua 3ª final e voltam para o país das túlipas com as mãos a abanar mas com a sensação de dever (quase) cumprido.

Lembro-me das diferenças cada vez mais acentuadas entre Portugal e Espanha. Recordo que em 92, aproveitando as Olimpiadas em Barcelona, as entidades competentes do país vizinho encetaram esforços para dotar Espanha não somente de infra-estruturas desportivas modernas e funcionais mas essencialmente de programas de "crescimento desportivo" com lógica, forma corporizada e conteúdo consistente.

18 anos depois, assumem-se como potência mundial na nuance desportiva global e não somente no futebol mas também no motociclismo, basquetebol, automobilismo e tantas outras variantes de desportos individuais e colectivos.

Falando em colectivismo...vejo na tv a festa em Espanha, com cor e optimismo nos rostos apesar de um desemprego galopante e um decrescimento económico acentuado. A esperança...sempre a esperança...do nosso canto à beira mar esburacado não vale apena falar hoje. Seria um discurso (quase) fatalista de amargo fado...

sexta-feira, julho 09, 2010

O Polvo

Com o Mundial 2010 a apenas 1 game do final, as atenções voltam-se para o...polvo Paul, arauto animal das runas da sorte e do azar futebolistico. Este peculiar vidente tentacular tem o condão de ter acertado em todos os resultados de grandes competições nos últimos 2 anos (Euro 2008/Mundial 2010); falhando apenas 1 resultado na escala dos prognósticos.

Para este Domingo o Polvo já vaticinou e escolheu os nuestros hermanos como vencedores potenciais perante a laranja mecânica Holandesa. Falo por moi...além de Polvo ser das poucas comidas intragáveis para mim; espero sinceramente que o carrossel do refinado futebol Espanhol seja travado pelos meus preferidos, em tons de laranja dos países-baixos.

O futebol, tal como o amor, não se explica, simplesmente sente-se e escolhe-se um dos lados instintivamente...sem tréguas e com muita luta...

quarta-feira, julho 07, 2010

Em Viagem

Rodopio de calor enquanto o comboio se movimenta de forma lânguida e sonora. Entre velhos e novos, brancos e negros; o rosto variável dos estados de espirito que percorrem cada um. "Escamo" as novas plataformas sociais de comunicação da O.N.G Sonho d'Afectos, ganhando um pouco de tempo para o dia calorento e com horas que vão passar rapidamente.

Paro um pouco e penso que afinal a vida é mesmo um comboio, ora meio cheio, ora meio vazio. Versão metafórica somente para recordar que nem sempre somos maquinistas e puxamos (pensamos erradamente de que..) as carruagens sozinhos (não há super heros...) e que, por vezes, pensamos ser um passageiro (aparentemente) solitário sem futuro definido.

Basta olhar para os rostos numa carruagem de comboio para lermos a sina positiva que a vida é feita e ecoa no "nós colectivo". Desço na estação que me é destinada e acendo um cigarro tranquilo enquanto que procuro um qualquer canto para beber um café fumegante. 

3000 (+1)

Quando há mais de 3 anos decidi colocar nas teias cibernáuticas um blogue on line, estava longe de imaginar o caminho que se avizinhava pela frente. Em plena febre da moda blogger, senti a necessidade de partilhar o que sou, o que faço; e derramar a minha visão subjectiva do mundo, enquanto pequeno actor da teia global.

Como em todos os actos de amor, este "filho" teve dores de parto, de crescimento, crises existenciais. Com alegrias e tristezas no caminho a minha escrita revelou - revela - sem máscaras o que eu sou, minha forma de encarar o mundo; meus anseios e desejos. Minhas frustrações e medos.

Escrevo estas linhas à pressa sem a pompa de 3001 artigos colocados on-line de mim  para vós, fiéis destinatários de minhas linhas, imagens e videos. Supreendido mas feliz com as mais de 35 mil visitas de 102 paises da esfera planetária e de um crescimento estruturado que coloca este espaço entre os mais vistos da blogosfera nacional (e não só...). 

Acendo o primeiro cigarro do dia, pego na sacola de ombro e começo a  derramar os objectos de trabalho para mais uma jornada de luta. Na mente já penso nos próximos 3000...e 1....e sorrio...

terça-feira, julho 06, 2010

Falando em Calor...

Calor

Mais um dia de calor crescente, em que o factor motivação de mais um dia de trabalho tem de se aliar à escolha adequada de roupa soft para enfrentar mais um dia hard

A vantagem de trabalhar na área da comunicação (das poucas vantagens diga-se...) é que, salvo algum formalismo necessário, a lógica da descontracção impera e salva-nos das roupagens metódicas do normal mundo do trabalho. Afinal ainda se exclama a célebre frase "deixa estar...é jornalista!!!".

Favela Chique

Os recentes incidentes com membros de pseudo-gangues na praia do Tamariz, remetem-nos para a relação directa entre os níveis de pobreza cada vez mais elevados, associados ao facto que - verdade dura - tendencialmente fomentamos o crescimento de guetos de betão moral e fisico bem à vista de todos.

Acho de muito mau tom a hipocrisia reinante afirmativa de que somos um país aberto e tolerante sem laivos de racismo. Não existe maior ironia camuflada do que assumirmos essa frase como verdadeira e absoluta. Somos um país de gente com mente pequena e mesquinha; onde o racismo "inofensivo" está presente em pequenos actos e banalidades mundanas do dia a dia.

Culpamos os "outros" pelos nossos fracassos absolutos e nossos pequenos dramas. Se não temos emprego a culpa é dos "pretos", dos "brasucas"; dos gajos do leste. Esquecemos "apenas" que somos um país de emigrantes com cerca de 10 milhões de tugas espalhados pelo mundo globalizado e vivemos numsa sociedade global e aberta. Esquecemos também que muitos desses "outros" vem para Portugal para fazerem pela vida-puta de forma recta e honesta; afinal o melhor que sabem nestes tempos fornicantes de dificuldades acrescidas.

Nota final para os incidentes in Tamariz: O factor prevenção não passa somente por reforços policiais e acções para "inglês ver" após os confrontos e actos de violência. Passa por mais, muito mais...a começar nas mentalidades e mecanismos mentais de cada um de nós.

Natura...

Humor Me...

O Google Earth encontrou Jesus. Ou melhor, a cara de Nosso Senhor Jesus Cristo foi encontrada pelo serviço de pesquisa e visualização de mapas e imagens de satélite, na Hungria.
Zach Evans, um jovem inglês, andava à procura de um local para passar férias quando deu com uma imagem de uma quinta em Puspokladany, na Hungria, onde se podia ver o rosto de Jesus.
"Eu não sou uma pessoa religiosa à procura de imagens de Jesus, mas neste caso é óbvio" disse ao jornal inglês, The Sun .
Esta não é a primeira aparição no Google Earth. O ano passado, Jason Cooke, um segurança britânico garante que viu o monstro de Loch Ness. 
Cit in Semanário Expresso

Palermas e Cª

Ainda hoje ao falar com um amigo e parceiro de alguns projectos profissionais , dei por mim a focar alguns exemplos bem humorados de tontos e palermas. Sempre achei de profundo mau gosto aqueles que se procuram impor apenas pelo muito que falam e não pelo (pouco) que fazem e produzem.

Eu falo pelos cotovelos, sou social (e transparente demais por vezes) ao máximo mas procuro conjugar o verbo "falar"e o verbo "fazer" na mesma estrutura frásica. Existem aqueles que até - imagine-se - divulgam o que os outros produzem para recolher ganhos e usufrutos. Ao fim ao cabo, são condutores de carro roubado e com pneus furados ainda antes do arranque.

segunda-feira, julho 05, 2010

Mercenários

Fala-se demasiado dos futebolistas cá do burgo, dando-se uma importância planetária a uma fauna profissional que, na minha visão, não o merece. Fabricam-se vedetas à escala regional como se bebe um copo de vinho rasca em qualquer taberna de ocasião. 

Acha-se graça ao facto de Ronaldo ser pai solteiro ou encontra-se adrenalina e densidade de emoções no "drama" da transferência de uma "maçã podre" (definição do presidente "lagarto") do Sporting para o "FCP".

Falando em João Moutinho...não acho estranho um profissional procurar melhores condições financeiras e de solidez de projecto (convenhamos o Sporting está cada vez mais balcanizado...); mas causa-me um ruído mental estridente saber que um puto de 23 anos, que ganha 110 mil euros por mês ,recusa-se a treinar, faz birra e fomenta mau ambiente para pressionar a entidade empregadora a que está vinculado a ceder a seus caprichos e devaneios.

É mais do que tempo para que o futebol tuga e seus agentes intervenientes desçam dos céus da utopia para a realidade nua e crua da conjectura actual. Ou a crise global  não chegou ainda ao futebol indigena?!

Nota Final

Dia in relax mode mas com os ojos apontados na semana que se avizinha. Lista de tarefas derramadas na agenda habitual; alguns updates de e-mails para colocar a máquina a andar oleada e projectar os novos desafios que se avizinham.

A noite surge com a calma sólida de um cigarro em plena varanda e um "cheirinho"  de amêndoa amarga aromática, e bem destilada na velocidade dos pensamentos que fluem tranquilamente. 

Tempo das últimas notas do dia, afinal amanhã é mais um jour em que temos que combater o mundo e ganharmos a batalha interior de nós próprios. Sem sentido?! Perdoem-me...o sono já chama (e clama...)...

domingo, julho 04, 2010

Manita Marota...

Noticias d'Domingo

Domingo é daqueles dias em que o dolce fare niente (algo do género...) aparece como recompensa após uma semana "esticadinha" a nível de trabalho e, nesta fase, também como bálsamo - em tom de bónus - do regresso ao conceito do "eternamente estudante". 

Durante cerca de 7 anos, por imperativos profissionais, passei muitos Domingos a trabalhar e sem o gozo orgásmico da pausa mais estupidificante da semana, mas que nos permite sempre sentir o sabor das coisas simples que pulvilham a vida mundana de (quase) todos nós.

Retenho o olhar mental nas noticias de top (?!) do primeiro dia da semana. João Moutinho amua no Sporting e assina pelos Dragões à procura da glória perdida na última temporada (quer Moutinho, quer os Dragões...). 

A bomba maior surge com o anúncio oficial da paternidade de Cristiano Ronaldo. Sim...o "nosso" Cristiano é, pasme-se, pai solteiro e o seu rebento é fruto de mãe incógnita (ironia, claro está...). Na sua bondade o Cr9, aceitou a custódia exclusiva do filho, pretendendo a mãe manter-se na capa do desconhecido especulativo.

Continuam também as discussões acerca das eleições presidenciais (já decididas) e o report do fait divers (quase) anónimo de Fernando Nobre numa qualquer festa popular na Afurada. Nos laranjas partidários, Passos Coelho - não o PSD - ultrapassa pela 1ª vez Sócrates nos últimos 8 anos. No plano mediático Moura Guedes admite recorrer da decisão que arquiva o seu amor VS ódio por Sócrates (e vice versa...).

Assim (es)corre mais um Domingo de verão quente. No alto do meu gozo banal do conceito prático Dominical, passei um dia perfeito na companhia de areia solta, som das ondas e a companhia de um bom livro. Pareceu-me melhor a companhia dos elementos naturais, cocó de cão na praia, choro de miúdos e biquinis da moda; do que seguir as noticias cá da tugolândia à exaustão...

+ (do Mundial)

Muito se tem falado do lado negativo deste mundial 2010 em terras Africanas. Desde os erros constantes de arbitragem, à fraca qualidade do futebol praticado (essencialmente na 1ª fase da competição), passando pelos casos polémicos envolvendo selecções como a França, Italia e o small Portugal cá do burgo.

Prefiro escrever hoje sobre factores de positividade. Recordo o electrizante (e bem jogado) Gana VS Uruguai, decidido na loucura das grandes penalidades. Destaco também o drama competitivo do jogo entre Espanha e Paraguai com 1 penalty falhado para cada equipa.

Recordo a cor e alegria dos Africanos (com maiúscula de Humanidade) nos estádios cheios de vida, e até relevo a vuvuzela maldita que nos fornica os tímpanos até à exaustão. Na memória fica também uma Holanda em crescendo a enviar  (e aviar...) para casa a Canarinha bem como uma Alemanha colectivista a f... os Argentinos de Dom Diego por 4 golos sem resposta.

Que siga a festa das meias-finais com emoções ao rubro, cor e vivacidade. Depois da final e do final; lembramo-nos dos problemas que nos corroem na crise global. 
Até lá...

Fumar Mata...

Ser (ou) Não Ser

Quando se juntam pessoas com cumplicidades de amizade sólida e formas de encarar a  vida  similares (no conteúdo e não na forma...); somente existe uma via para consolidar o "pacto" e fazer gravitar a conversa até horas desejáveis e  proibitivas: Um jantar bem regado. 

Para os lados de Gondomar, a especialidade da cozinheira de serviço foi um arroz de marisco divinal, intercalado por grelhados simples. Afinal um misto de marisco e de carne de forma a agradar a "Gregos e Troianos". Vinho branco exemplar (alentejano...sempre...), e um bolo de bolacha caseiro aromatizado por um toque sensual de canela mágica, completou o cenário.

Destilação com Whisky, e regresso ao vinho em plena varanda de emoções. Conversas soltas acerca do "Ser ou Não Ser". Corporizações da alma de cada um, partilhadas no colectivo de uma noite quente, lembrando que o verão timido por vezes se solta e dá ar de sua graça.

Final de noite pela madrugada, com conclusões em aberto. As pessoas que "São ou Não São" dominou a conversa, permitindo chegar a conclusão nenhuma. Afinal entre amigos o que conta menos são as conclusões filosóficas e as tretas da teoria que reduzem, na cabeça de muitos, tudo a uma questão de "régua e esquadro" planeado ao tutano.

A vida é risco não planeado (às vezes potencialmente calculado) e ter os cujones para acreditar, respirar fundo e ganhar ânimo antes de mais um grande mergulho, é a fórmula (não) garantida que pode fazer os frutos crescerem nas árvores mentais de cada um de nós.

sexta-feira, julho 02, 2010

Sinergias

Dia de entregas de trabalhos e reuniões para futuras sinergias laborais; que se anunciam com potencial elevado e ética latente segura. Falando em ética...nos dias que decorrem, tendencialmente, é cada vez mais dificil encontrarmos o equilibrio entre um potencial bom projecto no grau de expectativas e o desenvolvimento do mesmo em moldes éticos e profissionais equilibrados entre as 2 partes envolvidas. 

Para mim, continua a ser essencial - vital - a união entre a ética "pura" e a componente laboral per si; afinal o factor confiança é a pedra basilar para qualquer relação. Pessoal e Profissional, acrescento eu...

quarta-feira, junho 30, 2010

Nota d´ Rodapé

Amanhã disponível o 1º número da nova newsletter mensal "Paulo Correia Comunicação Global"...stay tuned...entretanto visitem www.paulocorreia.org.

Ventinho Maroto...

Never Surrender

Recordo-me das palavras do carismático Winston Churchill no célebre discurso de apelo à luta incondicional nos tempos sombrios da II Guerra Mundial. O tom seguro e apelativo na eminência  da derrota (quase) anunciada  e o grito de "Never Surrender", sempre ecoaram na minha mente nas alturas de crises individuais e colectivas.

Vivemos tempos dificeis em que ,por vezes, a tentação (impulso) de pensarmos tão somente no "eu" individual, parece ganhar pontos ao equilibrio natural e saudável de procurarmos um bem estar solidário e altruista não somente para o necessário individualismo que (positivamente) existe em nós e nos constitui, mas, essencialmente, também não nos esquecermos ( e procuramos) a razão base que nos motiva e impulsiona em frente: As nossas relações com os outros.

A "tusa" das vitórias obtidas, traduz-se na realização da partilha com aqueles que amamos (em graus, formas e géneros diferentes) e que em nós constituem carne e espirito de alma. Correndo o risco de chocar alguns leitores mais puritanos, continuo a acreditar na lógica positiva de que a essência da vida é como os orgasmos...é preciso saber dar e  saber receber. Get The F...Picture?!

(Sem) Dramas

Perdemos e perdemos bem (1ªredundância)...após afirmação absoluta (e...redundante...) podemos embarcar na decomposição técnico/táctica do game per si

Queiroz armou (razoavelmente) bem a equipa tuga para os primeiros 45 minutos, perdendo-se, após o descanso, em erros de casting (leia-se substituições) bem como em maus ajustes dentro das peças do xadrez lusitano em campo.

A Espanha ganhou e..ganhou bem (2ª redundância...melhor equipa, melhor atitude, melhor...). Portugal perdeu e...perdeu bem (3ªredundância). Ronaldo passa ao lado do mundial, transmitindo mais uma vez a imagem de um pequeno cagão com o rei na barriga e com tiques altivos de vedeta que guardou o ketchup para a sua sensual noiva Irina...

Destaque positivo para os bravos Eduardo e Coentrão; bem como para os centrais Bruno Alves e Ricardo Carvalho. Na intermediária Meireles e Tiago deram (algumas) boas cartas, sendo que Hugo Almeida alimentou a espaços - com esforço e raça - laivos de espirito de luta.

Foi pura e simplesmente o mundial (des)esperado...agora segue-se a novela habitual...

segunda-feira, junho 28, 2010

Herói vs Vilão

Na Véspera

Véspera do aguardado Portugal vs Espanha no mundial de futebol em terras Sul Africanas. Aumento qualitativo no futebol jogado nas 4 linhas, nesta segunda fase da competição, e arbitragens polémicas e sofríveis marcam a etapa mundialista em que o "mata-mata" dita as leis implacáveis.

Amanhã pelas 19h30 jogamos mais que um jogo de futebol ou o subir de um degrau competitivo. Corporizamos em 11; o espirito positivo de esperança que pode alimentar a lusitânia (em seus 10 milhões) durante mais alguns dias. 

Como já mencionei por aqui, vivemos de bolhas de oxigénio e de euforias motivadoras que nos façam esquecer os hard times ditados pela globalização da crise. Uma espécie de heroina (metafórica) viciante em que o sonho é a tábua rasa da salvação mental para a luta fluir e a esperança (re)nascer. Nem que seja na ilusão do sonho de uma bola Jabulani em terras de África...

O Stop...do Stop?

Noite bem longa de trabalho com a corrida contra o relógio a escorrer até de madrugada tardia. Meia dúzia de horas mal dormidas e nova injecção de entregas de trabalhos bem como  uma "corrida" rápida até ao Instituto de Artes e Ciências nesta fase de reciclagem formativa. 

Detenho-me brevemente nos leads de entrada dos jornais diários, parando para me centrar na noticia do fecho anunciado do centro comercial Stop e consequente desalojamento de uma das unidades culturais underground mais emblemáticas da cidade. 

Lembro-me de ter assistido ao crescimento gradual do fenómeno de aluguer de salas para ensaios, por parte de inúmeras bandas e artistas ávidos por um "lugar ao sol". Forças vivas da cidade movimentam-se para evitar mais um autismo de Rui Rio. 

Aguardemos...

domingo, junho 27, 2010

Trabalhos...Domésticos...

Contra-Golpe

Com o aproximar das eleições presidenciais, o posicionamento tecnico/táctico dos principais blocos antagonistas toma forma; corporizado no bombardeamento diário nos media e seus diferentes suportes difusores. 

Caminhada com vencedor anunciado (Cavaco Silva) e com um potencial derrotado à procura da melhor forma de conseguir um bom score (Manuel Alegre); a 3ª via surge-nos pelo Soarismo descontente que fomentou o avanço de Fernando Nobre.

À esquerda e à direita, todos já sabem o fim do filme, no entanto é preciso dar emoção e argumento ao circo mediático, que irá desaguar nos investimentos do costume, nos estudos de opinião (sondagens) habituais e nos gastos milionários em campanhas de marketing politico para principiantes (afinal todos nós...julgam os politicos...).

Caipiras & Caipirinhas

Noite de sexta destilada ao som das ondas e do mar em plena foz portuense. Companhia de amigos e conversa amena e derivante (inglês e português) ao som do sabor de capirinhas apelativas e doces. Numa mesa próxima, um grupo de brasileiros arranha o mau humor pela não vitória do escrete sobre o pequeno Portugal de abrigo ( certamente laboral).

As ondas vagueiam como a conversa em que o tema central passa pelo fighting spirit que temos que ir buscar às entranhas da existência do dia a dia para superarmos as dificuldades exteriores que o mundo cão (por vezes) nos brinda, bem como a procura constante do auto melhoramento enquanto seres imperfeitos e muitas vezes dotados das nossas verdades absolutas e imutáveis.

O vento ganha a batalha, aliado ao frio, e dá o sinal de retirada estratégica para o nosso grupo. Tempo de ouvir os últimos suspiros falados do grupo "caipira" que continua a defender o seu escrete e a falta de sorte como pedra basilar para o empate com os pequenos tugas do "cu" da Europa civilizada.

Acendo um cigarro tranquilo e penso que afinal tugas ou "caipiras", temos a porra da mania de tapar (muitas vezes) o "sol com a peneira" em vez de assumirmos com realismo e honestidade as verdadeiras razões das coisas.

sexta-feira, junho 25, 2010

Viagens (na minha terra)

Como bom  Algarvio que me prezo, tenho o feedback diário de tudo o que de relevante ocorre no meu canto à beira mar plantado: Faro. Entre as muitas demências do timoneiro mor da cidade (Macário Correia) surge agora a iluminada ideia de cortar o estacionamento gratuito na minha rua de infância (S.Luis) e colocar os frios sugadores de moedas que dão pelo nome de parquimetros.

(note-se que "isto" significa reduzir a principal  artéria de ligação ao centro de Faro a meros cifrões autárquicos).

Presidente resabiado com os próprios Farenses, homem dos conceitos teoréticos que não passam do papel; Macário não representa mais que a triste sina que se apoderou da capital Algarvia há muitos anos. 

A rotatividade camarária entre rosas e laranjas, tem-se revelado a todos os níveis desastrosa, servindo de forma absoluta (absolutista) os interesses pessoais de muitos elementos da alta burguesia da fauna politica social democrata e socialista da cidade.

Apenas um ponto convergente entre as 2 forças politicas mencionadas: O deserto árduo e duro de ideias estéreis e sem futuro.

Rescaldo

A Trip (do chip...)

Anda tudo fornicado da cabeça pela potencial aplicação do já (tristemente) famoso chip de identificação para os "pópós" cá do burgo. Fala-se muito em perda de liberdade individual e essas tretas (que não são tretas na génese formativa) que os politicos utilizam para as suas lógicas merdosas/discursivas.

Para mim, a questão não está na perda de uma qualquer liberdade individual (estamos numa sociedade tendencialmente mais "aberta" não?!) mas sim em mais uma fonte de receita que o estado vai angariar à conta do "zé mexilhão".

Tretas, atrás de tretas e debates circulares, evitando - governo e oposições - a discussão que é pertinente neste momento da nação esburacada: Soluções para a crise, formas de combate à mesma e forma de apoiar a larga franja de desempregados de longa duração da lusitânia. O resto são...tretas!!!

Dimensão

Brasil vs Portugal

Escrevo estas linhas uns minutos antes do embate mundialista Portugal-Brasil. Poderia destilar o discurso simpático e politicamente correcto de  um jogo entre povos irmãos que partilham história, cultura e mistura eterna de sangue. 

Também ficaria bem mencionar os laços estreitados entre os povos e exaltar as doutas virtudes "tugas" e "brasucas". No entanto fico pelo lado competitivo da "coisa": Que Portugal ganhe e nos faça sonhar e acreditar no mel da esperança num amanhã melhor no futebol da vida.

É que se for possível aos "tugas" ganharem ao olimpo canarinho do apogeu máximo do futebol - arte; também será permitido corporizar caminho sólido para sairmos desta crise - puta que invade o mundo e  nos fragiliza tendencialmente, dia após dia. E como o sonho comanda a vida...

"11"

Noite de São João bem passada na companhia de amigos para os lados da cosmopolita...Baguim do Monte. 11, tal e qual uma equipa de futebol, à mesa destilando o sabor de sardinhas divinas, vinho caseiro e pimentos apetitosos. 

Tempo também de revisitar a minha adolescência tentando acertar nas tácticas dos matraquilhos; somente com o azar de defrontar 2 feras que, sem dó nem piedade, ganharam todos os desafios jogados. 

Valeu  a lógica simples e saborosa da amizade vivenciada e sentida no pleno. Afinal "11" representa apenas a metáfora do jogo da vida: Espirito de equipa para trocar a bola e assentar jogo para a frente.

quarta-feira, junho 23, 2010

Fotos Imortais


Todas as fotos tem a sua história individual e única do momento captado...
Cliquem aqui para saborearem as palavras behind the image...

Arautos

São João à moda do Porto quase a nascer, notando-se um afluir de compras tipicas para a "mãe" de todas as noites da Invicta. Manjericos à parte,  Sócrates deve respirar de sincero alivio quando os fait divers da tradição quotidiana se cruzam com um Benfica campeão (6 milhões de almas orgasmicamente felizes), um Portugal no mundial in extremis mas com vitória estrondosa ante a Coreia do Norte.

Somamos então os 6 milhões selectivos de "vermelhos", aos 10 milhões de almas unânimes libertas pela selecção tuga. Condimentamos o cenário com mais 5 ou 6 milhões de portugas espalhados pelo mundo (de 1ª, 2ª e 3ª  geração); adornamos o quadro com o São João Portuense (meio milhão a exorcisarem a alma no norte...).

Já agora rumamos ao Santo António e São Pedro, com número incerto de seguidores, e constatamos que todos nós procuramos agarrar um naco de esquecimento transvestido em festa variada para amenizar uma crise agudizante e as idiotices do costume da nossa fraca classe politica.

terça-feira, junho 22, 2010

Born In The USA


(Versão Soccer Fans...)

(re)Tour de France

Os Franceses voltaram hoje a casa após uma 'participação vergonhosa e sem brilho (nem brio) no mundial 2010. Um treinador intratável (não lhe concedo perdão de não convocar para os bleus nativos de...escorpião...), jogadores fragmentados a nível mental e uma estrutura federativa débil com fugas de informação constantes para o exterior. 

Para mim, foram os misticos Irlandeses (afastados deste mundial de forma ilegal pela mão de Henry) que encetaram magias - entre druidas e fadas malévolas - para selarem o destino da mais fraca selecção "franciu" dos últimos 20 anos. O futebol agradece o afastamento precoce, tal como os milhões de franceses que assim são poupados a um vexame (ainda maior) de proporções biblicas.

Os Mortos de Ninguém

Releio as linhas do Jornal de Noticias de ontem, e utilizo as "linhas velhas" para tomar consciência formal de um artigo em que o titulo fala por si: Os mortos de ninguém. 

Palavras simples e objectivas acerca do falecimento de 6 idosos no espaço de 15 dias na Invicta em que apenas e tão somente os mesmos óbitos foram "factualizados legalmente" pelo alerta de vizinhos para o cheiro fétido que emanava das residências.

Tristes os tempos em que todos  podemos ser potencialmente mortos sem rosto; sem eira nem beira de afectos. Morrer sozinho com apenas a companhia fria de palavras analitícas num qualquer jornal, bem perto de nós...

segunda-feira, junho 21, 2010

Curvatura Mecânica...

Ecos (6+1)

«Renasce Portugal», Marca

«Ketchup luso: 7 a 0 na Coreia do Norte», Globoesporte 

«Portugal atropela e Cristiano iluminou-se», as

«Sete marteladas de Portugal na Coreia do Norte», BBC

«Portugal impressiona e se aproxima dos oitavos», Terra

«Uma boa lição de português», France Football

«Portugal caminha sobre a água», L´Equipe

«Goleada portuguesa, com certeza», Estadão

«Retumbante Portugal: 7-0 à Coreia do Norte», Corriere dello Sport

«Portugal sem limites; Coreia do Norte sem defesa», Gazzetta dello Sport

«Com o pé nas costas», Gazeta Esportiva

«Caminho livre para Portugal», El País

«Portugal humilha Coreia do Norte e faz 7 a 0 com show», R7

«Portugalazo: CR7... a zero», Olé

«Sétimo céu para Portugal», ESPN

«Portugal acerta Coreia do Norte com sete golo», Eurosport

«Portugal esmaga Coreia do Norte», Le Figaro

«Portiagallo», Tuttosport

«Avalanche Portugal», Rai

«Portugal passeia sobre a Coreia do Norte: 7-0», SKY Italia

A Vergonha (Segundo Cavaco)

"Todos os portugueses sabem que desde quinta-feira à noite estou nos Açores, em S. Miguel, cumprindo uma promessa que fiz há muito tempo a toda a minha família, filhos e netos, de lhes mostrar as belezas desta região."

Anibal Cavaco Silva Cit in Jornal Publico

A recente morte de José Saramago gerou uma onda (quase) consensual de solidariedade e homenagem ao maior vulto da literatura Portuguesa da 2ª metade do século XX. O "quase" ficou a cargo do, pasme-se,  chefe máximo do decadente estado portuga: Cavaco Silva. 

A desculpa mesquinha e irónica, o recurso a lugares comuns e uma frieza inabalável, marcaram as declarações do presidente em terras açorianas. Sonegar a história, perpetuar ódios antigos e ignorar quem elevou o nome do pais além fronteiras, revela apenas e tão somente um sentimento de indiferença gritante.

Valha-nos a consolação que daqui a 100 anos nos manuais escolares e linhas da história nacional e global; figurará um pequeno e anónimo parágrafo acerca de Cavaco; com o antagonismo positivo de páginas derramadas em quantidade múltipla sobre o imortal Saramago.

Nas Antipodas

Escrevi há poucos dias neste espaço que esta selecção não me dava um "good feeling". Como em tudo na vida, as palavras mudam mediante o instinto que nos permite (re)escrever a história individual e colectiva. 

Como é usual em nós tugas, iremos entrar num orgasmo múltiplo colectivo em que já nos vemos como campeões do mundo de forma absoluta e sem dúvidas ou barreiras. Os "velhos do Restelo" dirão que a Coreia do Norte é a equipa mais fraca do mundial. Os (agora) optimistas-absolutistas afirmarão que o Brasil "só" ganhou por 2 a 1 aos asiáticos; eu apenas digo que estou um pouco mais crente...

sexta-feira, junho 18, 2010

A Escrita (nunca morre)

A noticia chegou telefonicamente  através de um amigo da agência Lusa: Morreu o Saramago. Escritor de low profile público mas com obra rica numa estética de metáforas e combate ao dogma; o escritor deixa além de uma vasta obra, um caminho galgado com polémicas e criticas em que a sua posição férrea sobre variados temas deixaram marcas profundas. 

Saramago soube cultivar inteligentemente a ode do homem de perfil (aparentemente) recatado e de laivos de isolamento; entrando na contradição coerente das suas palavras destiladas quer na sua obra literária, quer na sua visão sobre o mundo e suas nuances de enquadramento.

Um falso solitário, que combateu - como todos nós - guerras certas e erradas. Noto-lhe as palavras de desilusão acerca de Cuba, fazendo um mea culpa não assumido acerca da sua defesa do regime de Fidel. Destaco-as aqui, porque afinal a escrita nunca morre e as palavras reflectem apenas e tão somente que a imperfeição dos homens é a sua principal arma para crescer ética e moralmente.

 “Até aqui cheguei. De agora em diante, Cuba seguirá o seu caminho, eu fico”

Das Pampas

Merdas Fodidas

A vida nem sempre (nunca) constitui uma linha recta, onde as opções e estradas para galgar, se constituem de puzzles e perguntas constantemente reformuladas. Por vezes "levamos" não tão somente com o que nos afecta a nós no nosso "eu individual" mas também os estilhaços que ferem todos aqueles que em nós habitam. 

Nos últimos dias tenho tido aquela sensação fodida de impotência por sentir algumas dessas pessoas a sofrerem por perdas reais e potenciais que afectam a sua vida e seu universo. Nada me resta do que tão somente desejar  que tudo corra pelo melhor e fazer sentir de forma singela que a força que em nós habita muda consoante os nossos momentos de fortaleza e de impotência mas - instintivamente - reorganiza-se e segue em frente.