quarta-feira, abril 27, 2011

A Turba

A primeira lição que recebi nos meus primeiros tempos de aprendiz de feiticeiro  como relações públicas, foi a de que quem controla a turba (multidão colectiva...) detém a maior probabilidade de condicionar o poder e suas decisões.

A célebre frase de Marcelo Caetano "O poder caiu na rua", reforça apenas a vitalidade abstracta da "turba". Tudo "isto" a propósito das convulsões colectivas no  "grande islão" em que, qual efeito dominó, país após país a multidão vomita nas ruas os pedidos de liberdade sem limite(s).

Afinal até na doutrina socrática e absoluta das ditaduras (politicas e religiosas) o poder começa no segredo público da fagulha que incendeia ruas e vielas, estradas e caminhos.

Na Líbia combate-se, na Tunísia debate-se.Na Síria o sangue vermelho escorre forte, enquanto que no Egipto (inicio deste percurso...digo eu...) começam a tornar forma os dilemas que as opções de transição acarretam.

25 Abril (+1)

terça-feira, abril 26, 2011

A Merda (do costume)

A legitimidade que a idade dita permite-nos pequenos devaneios libertadores, nos quais a língua se solta sem mordaça e com o fel ácido da critica directa sem máscaras nem artifícios.

Abençoado Abril (25 para os esquecidos...)  que nos permite destilar português de taberna maldizendo políticos e seus derivados com adjectivos regados no calão popular.

Este país está a merda do costume...remamos sem saber para onde. Que caralho...pelo menos podemos vociferar em tons azedos. Ninguém leva a mal se no café da esquina exclamarmos "os filhos da puta dos corruptos"; ou o politíco "x" é um "ganda boi". Enfim...exemplos não católicos...

Exagero democrático dirão os púdicos da doce lingua mater tuga. Eu por mim exclamo apenas, que se não fosse o doce escorrer do calão puro e duro made in Portugal, há muito que todos nós tínhamos enlouquecido no lodo fétido que este pantanal - amostra de país - se tornou (e entornou...)...

terça-feira, abril 19, 2011

(Pré) Páscoa

Dizem que a Páscoa é a altura maior no que concerne ao conceito católico da contemplação e meditação profunda do "eu" individual.

Sendo um católico não convencional, tento me concentrar apenas em todos aqueles que estão no meu "jogo de vida"; com pensamentos de energia positiva (positivista). Recordo-me de todos aqueles que desapareceram de forma pacifica ou trágica, repentina ou esperada. Simplesmente me recordo...

Na véspera de curtas mini férias rumo ao meu Algarve de nascimento, alinho alguns trabalhos de última hora, sem no entanto me conseguir concentrar a 100%.

Talvez "cheiros de Páscoa"...Nostalgia pura e dura de todos aqueles que já partiram para a "outra margem"...Uma saudade imensa das minhas avós Irene e Polidória...


Nota(s) : A minha avó (de criação) Polidória foi uma grande senhora que me ensinou o valor absoluto do amor universal. Amou-me a mim como a um neto de sangue. A Irene (avó de sangue) no seu resumo de mulher imperfeita deu-me de forma vigorosa e absoluta seu amor e a fé inabalável com a qual tenho na minha vida movido algumas montanhas.

A elas (meus anjos da guarda...gosto de as imaginar assim) todo o meu OBRIGADO por me terem dado a base para sobreviver neste mundo cão de luta sem quartel.

terça-feira, abril 12, 2011

Crónicas da Minha Terra

Noticias de sentimentos diferentes vindas de Faro. Por um lado a morte de um amigo de sempre de meu pai após luta galopante de 1 mês contra a bête noire do cancro. Por outro, o mel sempre confortante do calor das amizades e laços familiares que nos permitem agarrar a violência do dia a dia desgastante com mais força e convicção.

Morreu o "Zé do Café", amigo de infância de meu pai. Como morreu o Zé Correia (Lisboeta radicado no Porto) do "Pata Negra" há alguns (poucos) meses. A vida é feita destas fragilidades que nos trazem de volta para a (i)realidade da vida, da linha ténue que nos separa da monótona imortalidade.

Mais valor dou aos momentos simples entre amigos, aos (re)encontros com a família; bem como à contagem decrescente para cruzar novamente o meu olhar com os olhos verde jade da Mulher açucarada e sedutora (com "M" grande de Malu e de Mulher...) por quem meu coração bate.

Saboreio um cigarro, descalço meus pés vestidos e saboreio o simples orgasmo existencial de estar vivo.

Humor Me...

domingo, abril 10, 2011

Diário (de um assessor)

O domingo antecede nas últimas horas, o prelúdio do inicio de mais uma semana de "guerra" laboral com as inerências próprias de uma profissão (assessor) desgastante como tantas outras.

O cliché de que ser assessor (de comunicação) representa uma vida emocionante em que jantares e personalidades denominadas de Vips são prato comum do dia, está errado de forma firme e absoluta. As rotinas de processos comunicacionais base também se fazem sentir, bem como o esforço de trabalho primário (nuclear) inerente a qualquer profissão.

Se por um lado a excitação de delinear estratégias e operacionalizar as mesmas, revelam o gosto e "tusa" profissional do acto simples (mas complexo) de criar e ver o fruto do nosso trabalho no campo prático; também os padrões simples e mais "cinzentos" (repetitivos) fazem-se sentir e são necessários.

Ser assessor de comunicação é também ter a capacidade (humildade) de vivermos na terra e sonharmos com o céu do que a nossa capacidade de trabalho pode dar (frutos) no esforço colectivo.

Muitas vezes rio-me com o espanto de amigos, quando, desligando o telefone, digo que estive a falar com personalidade "x" ou "y". É que para mim os verdadeiros Vips são aqueles que me acompanham na caminhada de vida emocional no mel dos sentimentos.

Ser assessor afinal é tão somente operacionalizarmos na nossa profissão a coerência e humildade que empregamos na nossa vida mundana...

Eva e o Muro...

FMI

As crises em Portugal (tal como no mundo) são um pouco como o teatro: O mito da eterna crise retornada.

Posto esta "posta" inicial, relembro na minha memória a crise do inicio da década de 80, em que eu, um puto de meia dúzia de anos, tomei a consciência (inconsciente) da sigla maldita do FMI. Recordo a calma habitual de minha mãe e o stress decidido em efervescência pura, bem típica de meu pai.

Passados esses anos de crise, mais "vulcões" surgiram. As crises habituais do pais, as globais que nos afectaram (afectam) sempre; bem como as mutações do meu clã duro familiar, ele próprio (eu próprio) afectado pelas alterações económicas inerentes de mudanças de empregos e afins.

Esta crise (alerto para que este texto tem a maior percentagem de uso do termo "crise" por linha produzida...) não me mete o medo glaciar que paralisa muitos. Esta crise não me deixa passar noites sem sono ou me faz repensar "tudo e todos".

Esta crise preocupa-me e faz-me ter mecanismos de defesa iguais a milhões de portugueses conscientes; mas nunca me retirará a capacidade de sonhar com um futuro melhor e lutar por ele. Afinal para mim a palavra maldita "crise" é termo corriqueiro do dia a dia de quem percorre a vida, com todos os tropeções inerentes que o percurso dita.

sábado, abril 09, 2011

André "O Escocês"

Mourinho é um fenómeno universalista; quiçá o melhor "produto" tuga vendável no mundo global nos últimos 40/50 anos. O "escocês" do FC Porto, André Villas Boas, segue-lhe, numa perspectiva ainda local, as pisadas.

Recordo-me do Rui Reininho, em conversa que tivemos informalmente, se ter referido ao treinador dos azuis e brancos, como "o escocês". Não somente pela barba ruiva e fleuma british; mas pelo fighting spirit demonstrado no seu ainda curto percurso no mundo do futebol.

Vilas Boas mudou no último ano. Mudou para melhor, my opinion, com um discurso mais leve e pincelado por finas ironias e humor bem recortado. Mescla (quase) perfeita entre um adepto azul e branco desde a infância e um treinador cientifico; surge uma postura evolutiva que certamente o catapultará para mais altos voos.

Um clone de Mourinho? Um remake melhorado? Não creio...um treinador com identidade própria e futuro risonho? Acredito que sim...

Quanto às análises que o colocam (a médio prazo) ao nível do special one Mourinho? No...


sexta-feira, abril 08, 2011

Calling...FMI

Europa (a 3...)

Numa altura em que o país anda de tanga esburacada, eis que, no futebol, o doce  mel da vitória nos faz carpir um pouco as mágoas acumuladas e os bolsos vazios do maldito euro voraz e da crise (puta) maldita.

Braga, Porto e Benfica deram passos significativos para que no comboio da liga europa possamos seguir em frente rumo às meias finais ansiadas. 

FMI (ou "algo" do género mas com sigla diferente) a morder-nos a porta de nosso descontentamento, mas pelo menos no futebol, reis da europa e seguros senhores do nosso destino...

segunda-feira, abril 04, 2011

Sem Terra

Porto Azul

Onda azul a varrer o Estádio da Luz, com "apagão" a três níveis:

1) Antes do jogo per si, cenas lamentáveis de pugilato entre as forças policiais e adeptos (maioritariamente) do SL Benfica.

2) Durante o jogo, brilho forte dos dragões comandados por Vilas Boas e escuridão imensa para os lados do 11 da luz pintada de vermelho.

3) Depois do jogo, acto indigno de um clube da dimensão dos red devils, o apagão deliberado e rega fora d'horas com que brindaram a nova equipa campeã nacional e seus fieis seguidores.

Numa perspectiva mais vasta, podemos aferir que enquanto Pinto da Costa e Luís Filipe Vieira por cá andarem "este" clima de terror e lei selvagem vai prevalecer. Neste desiderato especifico culpa inteira para os vestidos de vermelho, mas noutras ocasiões outras más atitudes também por parte dos dragões.

A culpa não morre solteira, e neste âmbito focado, encaixa-se na perfeição para os 2 maiores clubes portugueses na sua génese global. Convém realçar que a própria linguagem decadente utilizada pela comunicação institucional via web sites oficiais dos clubes, resvala na mentalidade de ódio puro emanado pelos seus dirigentes...

Putos & Putices

Conforme o mosaico político se vai escalonando para as próximas eleições legislativas cá do burgo, mais confuso fico com as putices dos putos da real politik da lusitânia pátria adormecida num mar de tormentos globais e também devidamente focalizados na (má) lógica corporativa das bestas (sem aspas...) políticas de Portugal.

BE e PCP marcam reunião no parlamento para discutir potencial entendimento. Ao mesmo tempo, BE "pisca o olho" ao PS; sendo que afinal o PCP atira "barro à parede" e diz-se aberto a um convergência global de esquerda. 

À direita PSD finge querer governar sozinho e com a maioria absoluta que potencialmente não irá ter. CDS-PP seduz PSD mas sem se importar de "dormir" também com o PS.

Percebem os meus ávidos leitores agora o titulo do post "Putos e Putices"?!

sábado, abril 02, 2011

Sombra-Luz

Nós Por Cá

Começo a escrever destilando na minha mente os últimos acontecimentos aqui da lusitânia tuga pátria. O governo cai naturalmente com a erosão dos tempos difíceis à mistura de uma doutrina "socrática" com laivos de autismo desconectado da realidade.

Revejo nos canais cibernéticos o triste discurso de Cavaco Silva que, convocando naturais eleições antecipadas, apela a um consenso alargado dos portugueses, pedindo despudoradamente uma maioria do "centrão" ao eleitorado: forma de campanha partidária em nada condizente com o seu status de chefe máximo da republica.

A cada dia que passa mais tugas na miséria e penúria dolorosa de quem quer pagar e não tem dinheiro, de quem quer comer e não tem para comer, de quem quer emprego e não o consegue obter.

Passos Coelho pisca o olho à ajuda externa, não explicando cá aos tugas mexilhões da arraia miúda - todos nós - porque carga de água chumba o PEC e afinal recorre aos mesmos canais de peditório de (falsa) salvação que o governo socialista.

Nós por cá, continuamos fornicadamente fodidos com rei deposto, barriga vazia e olhos presos na expectativa de mais triste fado no horizonte do nosso descontentamento.