sexta-feira, junho 18, 2010

A Escrita (nunca morre)

A noticia chegou telefonicamente  através de um amigo da agência Lusa: Morreu o Saramago. Escritor de low profile público mas com obra rica numa estética de metáforas e combate ao dogma; o escritor deixa além de uma vasta obra, um caminho galgado com polémicas e criticas em que a sua posição férrea sobre variados temas deixaram marcas profundas. 

Saramago soube cultivar inteligentemente a ode do homem de perfil (aparentemente) recatado e de laivos de isolamento; entrando na contradição coerente das suas palavras destiladas quer na sua obra literária, quer na sua visão sobre o mundo e suas nuances de enquadramento.

Um falso solitário, que combateu - como todos nós - guerras certas e erradas. Noto-lhe as palavras de desilusão acerca de Cuba, fazendo um mea culpa não assumido acerca da sua defesa do regime de Fidel. Destaco-as aqui, porque afinal a escrita nunca morre e as palavras reflectem apenas e tão somente que a imperfeição dos homens é a sua principal arma para crescer ética e moralmente.

 “Até aqui cheguei. De agora em diante, Cuba seguirá o seu caminho, eu fico”

4 comentários:

Elaine Noal disse...

É verdade, perder Saramago em tempos de palavras tão abreviadas é algo a lamentar...

Paulo Correia disse...

Obrigado pelo comentário guria...bjs deste seu amigo

Paulo Correia

Dylan disse...

José Saramago não era menos português por não pôr a bandeira à janela na véspera de um evento desportivo. Acima de tudo, a sua essência era ibérica. Convém dizer que só saiu de Portugal devido à ostracização de Sousa Lara, comprovada agora com o episódio político revisionista da não presença de Cavaco Silva no seu funeral. "Viagem a Portugal" é reflexo de amor e do encantamento que sentia pelo país, pela sua beleza e cultura, pela classe trabalhadora, espelhada na sua identidade, mesmo que isso significasse ir contra a ideologia do seu partido, contra a maioria religiosa, contra o politicamente correcto. Para o seu espírito inconformado, a morte é pouco relevante. Como diria Saramago, "o fim duma viagem é apenas o começo de outra".

Paulo Correia disse...

Caron Dylan subscrevo (muito) do que diz ams não a totalidade...acho vergonhoso a posição do passado ainda recente de sousa lara, complementada pela atitude vergonhosa de cavaco silva coma sua não comparência ao funeral de saramago.

gosto de saramago não somente pela escrita destiladab da qual sou admirador, ams afinal por ser um homem imperfeito como todos nós e com posições acerca das quais não concordava (e nºao concordo) na totalidade...rec onheço lhe o toque de midas dos génios e as imperfeições dos humanos...

Com Cumprimentos, agradecendo-lhe a sua bem estruturada mensagem...continue a seguir o blogue...

Paulo Correia