Falava-se que percorria a madrugada, rompendo na noite como um espirito inquieto. Roubava o brilho à lua de forma intensa e plena. Descia seguro por ruelas inseguras e cinzentas que iluminava com sua presença atípica de predestinado definido antes do inicio dos tempos, amaldiçoado pelo destino e vetado á categoria de assunto tabu ás mesas mais sérias da cidade global. Comia calado os insultos que lhe destinavam e respondia com aquele brilho cego que define os indefeníveis banidos pelos padrões da sociedade puritana. Poderia falar de alguém....estou apenas a falar de ninguém...de todos nós afinal que percorremos sozinhos perante o frio da madrugada padronizado na nossa mente caminhos por vezes árduos e isolados. Vadiamos sozinhos acompanhados pelo frio das multidões que idalotram todos os que obedeçem, não aqueles que se rebelam e que anseiam sem medo pelo som do aço de batalhas auspiciosas em que o cheiro da revolta e do confronto é adrenalina pura tranvestida em desejo de pulsões arrebatadoras. Somos todos benfica, todos porto, todos sporting; somos todos big brother, somos todos bush ou bin laden. Somos a personificação de nossos medos e de nossos ódios. Afinal descobrimos há muito que o rei vai nu e que a coragem de preservarmos a nossa insanidade saudável passa pela capacidade de sonhar entre ruinas e construir e renovar entre escombros da nossa memória colectiva e individual.
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