segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Os abortos vivos


Com a vitória do sim no referendo de ontem vira-se uma página de história em Portugal, não somente pelo direito das mulheres de escolherem e serem donas por inteiro de seu corpo e de sua alma, mas essencialmente - para mim questão vital - pelo simples facto de os portugueses já pensarem um pouco pela sua cabeça e não alimentados cegamente no seu inconsciente-consciente pelos dogmas seculares da "má igreja" (isto porque existe uma "boa igreja") , pelos tiques extremistas aliados a um discurso nacionalista ôco e redutor ou por lideres a prazo de partidos falsamente moralistas. Existem realmente por ai muitos abortos-vivos que no seu dogmatismo não prático, qual marxismo utópico inalcançável, destilam litros de um liquido viscoso chamado moral da falsa virgem púdica.Nota positiva nas campanhas do Não e do Sim para o imergir de rostos anónimos que assumiram com coragem, clareza e correcção as suas posições; afinal mecanismos próprios da maturidade do processo da práxis made in democratia. Nota muito negativa para todos os líderes partidários (alguns mais negativos do que outros claro está...) que , mais uma vez, passaram aos portugueses um atestado de menoridade mental ao quererem transformar uma questão social numa questão banalmente politica. Afinal ainda existe esperança em Portugal : Votámos no Sim ou no Não, em consciência, fazendo aos nossos maus politicos (devem existir também bons politicos, devem existir...) um real manguito à Zé Povinho, tão tipicamente digno de qualquer Português que se preze.

1 comentário:

Anónimo disse...

Eias caríssimo amigo!
Grande artigo de opinião ao qual vou tentar estar à altura com este comentário!
Antes de mais, não contesto em nada o que escreveste pois, puseste em palavras, muitas ideias que uma larga maioria dos portugueses pensa. Sim larga maioria, porque houve uma castração real e inadmissível pela igreja e por demais pessoas que se identificam por apregoarem a moral e os bons costumes, como se precisássemos, e que na realidade permanecem ligadas a um passado demagogo e que tendem a estupidificar as pessoas que seguem esses pensamentos, e que se assim não fosse, a abstenção não seria tão elevada e o sim ganharia de uma forma ainda mais incontestada além de que passaria a ser vinculativo o resultado! Mas tenho que deixar um apenas: A tua opinião fundamentada no livre arbítrio da mulher, enquanto que eu penso que não era isso que estava a ser defendido por este referendo. Eu, talvez tolhido por um romantismo quiçá antiquado e em vias de extinção, penso que deve ser uma atitude tomada preferencialmente a dois, e sempre em último recurso, algo que tu,também deves concordar!

Abraços, parabéns pelo teu blog que é algo realmente que deve ser publicitado pois, gostei da maioria dos teus artigos de opinião! Bem haja!



Manu