sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Dundgons and Dragons


Por vezes a memória troca-nos as voltas e impôe-nos, de uma forma nada subliminar, um direccionamento para passados idos, distâncias percorridas e vividas de forma intensa. Lembro-me da minha primeira viagem para o Porto em tom anunciado de caminhada sem retorno a médio-prazo. Lembro-me dos cheiros que abandonei e da dor lacinante da alma, rapidamente compensada pelo desejo de descobrir e conquistar novas fragâncias. Lembro-me do medo do desconhecido e do gosto pleno por um caminho que se avizinhava dificil para percorrer. Recordo-me de sentir a insegurança dos mortais e o poder infinito dos deuses seguros e ébrios, (in)conscientes de uma imortalidade duvidosa.
Lembro-me de pensar quieto no meu mundo secreto e traçar caminhos até ao infinito; acho que também sonhei nos intervalos da dúvida com mares de prata , castelos sem masmorras ou grilhetas, e com dragões com linguas de papel e não de fogo árduo.
Treze anos passaram a fugir desde que estou na Invicta. Deixei de sonhar com castelos e dragões. Hoje sonho com a memória de quem já desceu no sonho eterno e continua vivo na alma quente que continua a sonhar e a aspirar, trepidante, entre ruas e vielas que se pintam de cinzento, mas que crescem nos tons da expectativa - as pinceladas do arco iris estão sempre ai, ao virar de uma qualquer esquina, num qualquer rosto ainda desconhecido, em qualquer emoção que ainda está por (re)viver, ou apenas no limbo aberto de novos mundos por descobrir...

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