Recordo-me que em sete anos de trabalho activo na noite, várias foram as confusões que afinal povoam algumas histórias que, com um foro forte de verdade, se transformaram em lendas urbanas, quer pelo seu lado marcante como pela sua faceta surealista. Na minha memória ficaram o nome de dois policias banais, que através de uma perseguição sistemática e provocante, fizeram do meu último ano ligado directamente à noite, um inferno de Dante, versão pós-moderna.
Tudo isto me veio à mente pelo grande aparato mediático da mega-operação lançada pela ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica), visando fiscalizar e encerrar espaços ilegais na noite portuense. No entanto convém relembrar, entre as euforias da operação conduzida, que muitos dos espaços visados não estão legalizados, não por falta de vontade dos empresários mas sim pela teia burocratizante do Governo Civil do Porto, Câmara Municipal e Governo Central, que nada fazem e nada produzem visando diminuir timings de espera de licenciamentos requeridos.
Talvez fosse tudo mais simples se este Estado de Direito não fosse tão somente uma ode trágica, na qual a estética e camuflagem dilacera o que deveria contar : A qualidade de vida do cidadão em todas as suas ramificações.