Mais uma semana que amanhece. Mais um final de semana servido rápido, com entradas mas sem cerimónias, acompanhando as primeiras gotas de chuva fria, fina e gotejante.
Recordo na memória imediata (sempre presente) os "homens da luta"; amálgama constitutiva do micro cosmos pessoal e profissional que se ramifica em todos nós de "dentro para fora". Na luta impiedosa do dia a dia troikano em que o fantasma do fracasso anunciado está sempre eminente.
No rosto das peixeiras do bolhão - seu suor perfumado a mar forte - vejo diariamente a fome e avidez da luta ensombrada que nos curva e quase nos submete no espectro da derrota. No entanto aquelas mulheres tem algo de especial que lhes permite sobreviver e recolher nas fraquezas a voz rouca que permite continuar a faina diária e a labuta, afinal falar forte nos ecos dum qualquer pregão ocasional.
As cores da baixa portuense transportam-me para batalhões de pessoas, circulando e andando - cambaleando - com destino pré definido. Todos com funções formatadas e fora do seu livre arbítrio: Lojistas sem futuro e olhos raiados de pessimismo, floristas encaracoladas nos sonhos dos bons clientes de outrora; prostitutas fora de tempo em preço de saldos entre outras metáforas de figuras reais de carne e osso.
Em quase todos os rostos vejo igualdade na desilusão e medo do que se avizinha. No entanto, no alegado fado fatalista tão lusitano, leio também a revolta que já não se cala e a vontade de ir além...mais além...
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