Tendencialmente em cada eleição europeia parida no velho continente , surgem os habituais sinais (reais) de pânico no constatar do avanço da extrema direita e das suas idéias de ódio e sectarismo.
Os analistas tratam de acalmar as hostes após o choque inicial, analisando - analiticamente - essa subida como afinal um "up" não tão acentuado como o que seria de supor. Nos nossos sofás tecnológicos com o zapping ao alcance de um click, suspiramos de alívio e esperamos (dormirmos) pelo veredicto daqui a quatro anos.
Na tugolândia, até prova de contraditório, não padecemos (felizmente) ainda do síndrome do avanço galopante (a nível percentual) da direita extrema radical ou de movimentos encapotados entre esquerda e direita de nacionalismos ocos e populistas.
Aqui em Portugal as questões que se colocam após as últimas europeias são de uma natureza mais docemente pacifica...
Costa provou a si mesmo, e avisou os aspirantes a herdeiros da geringonça governativa, de que mesmo com um candidato fraco, sem carisma e desconhecido do grande público votante, poderia ganhar facilmente este acto eleitoral.
Marisa navegou na onda da subida acentuada do Bloco, que com o carisma da candidata subiu pontos e marcou campo no arco potencial de uma futura governação ou na(s) Crista(s) da linha da frente da oposição.
No lado ecológico o PAN confirmou que os verdes europeus sobem em bloco conjunto no mosaico do mapa da europa universalis. Ser verde, mais do que uma moda, é já uma tendência forte e sólida, apesar de programas algo vagos, fruto da supressa (em Portugal) de uma eleição não esperada.
Jerónimo, guerreiro moldado na escola tradicional comunista, vê o BE fugir e sente o efeito de uma queda perigosa fruto da ferida aberta a uma esquerda tradicionalista e fechada que já não convence o sedento eleitorado. No entanto "as noticias da minha morte são manifestamente exageradas", e como sempre os Comunistas encontrarão um plano B que permitirá uma eventual refiliação (total ou parcial) de eleitorado (embora o Bloco prometa não dar tréguas).
Nos lados do PP uma campanha antiquada, com timings inadequados e uma lógica "noir" fomentou uma queda e descida ao mundo terreno por parte de Conceição Cristas, que desde o excelente score alcançado nas autárquicas alfacinhas, aspirava ao papel messiânico de líder da oposição.
Rio navega agora em águas turvas e nada límpidas; com o efeito Rangel a ser um tiro ao lado, o líder supremo da frota astral laranja ganhou apenas uma pequena margem até ao cenário apocalíptico que poderá vivenciar em Outubro próximo. O esvaziamento dos Sociais Democratas não é propriamente uma boa noticia para o nivelar de forças no eterno arco da governação.
Por último notas soltas para uma abstenção que terá que fazer meditar a classe política: Um fenómeno de desinteresse e falta de motivação (formação) cívica ou um (não) voto de protesto por uma real politik egoísta e toldada por personagens cinzentas e por um modo operacional de fazer ("vender") política desconectado da realidade actual?