Assobiamos para o lado, revoltamo-nos momentaneamente com fotos choque mas entre mortos mediáticos e afogamentos em massa, seguimos a nossa vida diária, sofrendo momentaneamente, aliviando a nossa consciência de cidadãos do mundo com posts nas redes sociais e mensagens de indignação.
Do mediterrâneo á América do Norte circulam jangadas de pedra com pessoas de carne e osso; rostos uniformes no sofrimento e na ânsia de uma vida melhor longe das paredes esburacadas com o sangue de guerras alimentadas mundialmente á escala politicamente correcta de conflitos denominados como"regionais".
A massa política (a radical) alimenta o discurso de que não podemos receber estes migrantes sem pátria aparente, do perigo de terroristas camuflados na turba sofredora, de "encostados sociais" que somente desejam viver á custa do erário público europeu e americano.
Nada de mais (no global) errado. Entre milhares de deslocados existem obviamente um número de indivíduos potencialmente perigosos e danosos para a potencial sociedade de inserção. No entanto a amálgama formativa da multidão revê se no desespero do salto do escuro perseguindo um foco de luz de esperança para um futuro melhor.
Não existe senso (estado) racional que constitua como arguidos pessoas que se preocupam com pessoas, pessoas que salvam pessoas de morrerem sozinhas no escuro de um mar gelado ou abraçados aos filhos num leito de rio fronteiriço. Não existe lógica do nominal social de que por não termos (nós mundo) condições económicas e sociais para recebermos uma multidão de desamparados e fugitivos do horror os deixemos a afogar e a assobiar alegremente para o lado.
Concordo em absoluto que as políticas de entrada de cidadãos tem de ser legisladas, (re)formatadas e feitas em concordância com um equilíbrio que permita a a todos terem acesso á dignidade, ao alimento, educação e segurança. Concordo de que não é possível na Europa e nos States (infelizmente tão Trumpianos nos dias que correm), recebermos sem lei nem roque "tudo e todos". Reforço que os potenciais terroristas e elementos nocivos para as sociedades de inserção devem ser identificados e sujeitos a controle absoluto e apertado.
No entanto condenar heróis que salvam, reprimir de forma selvagem, construir muros intransponíveis não resolve o problema, somente o radicaliza e o agrava.
Urge o (re)encontro de conceitos e políticas que permitam que pessoas como Miguel Duarte ou Carola Rackete não sejam considerados míseros criminosos apenas tão somente por salvarem o seu semelhante.
No complemento da desgraça colectiva, um mea culpa das grandes (e intermédias) potências relativamente a uma política externa com base na premissa do preço do barril de petróleo e da conquista territorial (real, política e virtual no jogo de controles de poderes e sub poderes).
O caminho faz-se caminhando...não cimentando muros físicos e mentais...
Urge o (re)encontro de conceitos e políticas que permitam que pessoas como Miguel Duarte ou Carola Rackete não sejam considerados míseros criminosos apenas tão somente por salvarem o seu semelhante.
No complemento da desgraça colectiva, um mea culpa das grandes (e intermédias) potências relativamente a uma política externa com base na premissa do preço do barril de petróleo e da conquista territorial (real, política e virtual no jogo de controles de poderes e sub poderes).
O caminho faz-se caminhando...não cimentando muros físicos e mentais...
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