Todos nós, creio, temos o anseio de reconhecimento pelo que fazemos na nossa vida pessoal e profissional. Variando as nuances no temperamento e personalidade, reconhecimento público ou em privado, a ânsia que nos percorre o espírito resvala para essa necessidade quase, por vezes infantil, do extrapolar positivo dos nossos actos e atitudes perante o mundo de pessoas que nos envolve.
Eu não fujo evidentemente a esta regra pre definida na caverna de anseios de todos nós. Recordo me que fui um pre adolescente falador mas tímido, preso em medos e melindres. Ultrapassei essa fase borbulhenta e dramática para uma adolescência bem vivida, rebelde mas responsável ( fica bem escrevinhar assim...), soltei as amarras, catapultei me na base de sonhos e objectivos por vezes quiméricos.
Cresci para a idade adulta com o sonho de palcos mediáticos e de uma carreira a escala planetária. O Faro de meu nascimento representava uma aldeia pequena em que os gauleses, qual Asterix e Obelix, não se conseguiam libertar do cerco romano. Zarpei para o Porto sem olhar para trás, sem medir consequências ansiando pelo reconhecimento de multidões.
Cursei Comunicação, embriaguei me com os primeiros programas de rádio, com as primeiras palavras escritas, com o primeiro contacto com o mundo da televisão. Cresci, reforcei fomes de desejos antigos, sonhei mais sonhos. Alguns concretizei na dormência embriagada da arrogância juvenil e imberbe de quem toca no olimpo. Outros ficaram (ainda) por realizar e para sonhar novos mares azuis e reluzentes na clareza das águas turvas.
Mobilizei massas com rosto, fui líder de multidões, destilei paixões e ódios de estimação, julguei me por vezes maior que os anseios a atingir. Cai, levantei me, feri me e sangrei. Passei as passas do meu Algarve, mas nunca sozinho.
Envelheci suavemente e entrei na idade do aparente juízo, refundei-me e renasci. Acho que no caminho cresci e amadureci. O tempo passou e passa veloz. Num aeroporto reluzente ( em Roma) entre milhares de vagabundos aéreos rumo a um destino chamado casa, uma voz se levantou "farense" ( nome de guerra das praxes estudantis e primeiro gatinhar profissional) és tu pá?!
Olhares atônitos de quem me conhece, mas a sensação interior de vaidade de mil situações onde este momento improvável se realizou. Afinal os meus momentos de fama a escala planetária ditadas num aeroporto qualquer...todos viajantes públicos e anônimos....
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