sábado, maio 21, 2016

Para Além do Marão

A recente inauguração do ansiado túnel do Marão, projecto com sete anos no papel, foi lançado com pompa e circunstância (in)devida pelo primeiro ministro António Costa.

Obra que permite agilizar viagens, fluir pessoas e encurtar espaços temporais (e não só...) entre o Portugal profundo interior e o polo aglutinador do Norte português (Porto dixit). No entanto ("tudo" tem um "entanto" ou um "mas") o convite (aceite) de Costa a Sócrates para a presença no jogo mediático da inauguração de qualquer obra política, remete-me para a mais elevada falta de bom senso.

Sendo um critico subjectivista atento, causa-me o mais profundo asco, em primeira instância, a presença de José Sócrates (como todos os soundbytes inerentes aos processos judiciais que decorrem) na cerimónia de lançamento da obra que encurtará distâncias físicas e psicológicas entre os confrades (boa gentes) do interior; muitos trabalhando no Norte litoral por contra doutrem ou por sua "cuenta" e risco (preciso cujones hoje em dia para arriscar...e ganhar)

A falta de bom senso, foi reforçada de forma feroz e ruidosa pelo silêncio a que Sócrates se remeteu e para a lógica sebastiânica (versão moderna) do desaparecido-aparecido-escondido. Costa como bom seguidor da cartilha da biblia dos políticos tugas - bons pagadores de favores - entrou nessa lógica hipócrita e despudorada.

Fica a minha critica, protesto e reparo...da esquerda à direita; passando pelo "centrão" profundo e estático, está mais que a vista alcança, nos acordos de ocasião e negociatas. Afinal temos apenas que olhar para além do Marão...

quarta-feira, maio 11, 2016

Num Aeroporto Qualquer...

Todos nós, creio, temos o anseio de reconhecimento pelo que fazemos na nossa vida pessoal e profissional. Variando as nuances no temperamento e personalidade, reconhecimento público ou em privado, a ânsia que nos percorre o espírito resvala para essa necessidade quase, por vezes infantil, do  extrapolar positivo dos nossos actos e atitudes perante o mundo de pessoas que nos envolve.

Eu não fujo evidentemente a esta regra pre definida na caverna de anseios de todos nós.  Recordo me que fui um pre adolescente falador mas tímido, preso em medos e melindres. Ultrapassei essa fase borbulhenta e dramática para uma adolescência bem vivida, rebelde mas responsável ( fica bem escrevinhar assim...), soltei as amarras, catapultei me na base de sonhos e objectivos por vezes quiméricos.

Cresci para a idade adulta com o sonho de palcos mediáticos e de uma carreira a escala planetária. O Faro de meu nascimento representava uma aldeia pequena em que os gauleses, qual  Asterix e Obelix, não se conseguiam libertar do cerco romano. Zarpei para o Porto sem olhar para trás, sem medir consequências ansiando pelo reconhecimento de multidões.

Cursei Comunicação, embriaguei me com os primeiros programas de rádio, com as primeiras  palavras escritas, com o primeiro contacto com o mundo da televisão. Cresci, reforcei fomes de desejos antigos, sonhei mais sonhos. Alguns concretizei na dormência embriagada da arrogância juvenil e imberbe de quem toca no olimpo. Outros ficaram (ainda) por realizar e para sonhar novos mares azuis e reluzentes na clareza das águas turvas.

Mobilizei massas com rosto, fui líder de multidões, destilei paixões e ódios de estimação, julguei me por vezes maior que os anseios a atingir. Cai, levantei me, feri me e sangrei. Passei as passas do meu Algarve, mas nunca sozinho.

Envelheci suavemente e entrei na idade do aparente juízo, refundei-me e renasci. Acho que no caminho cresci e amadureci. O tempo passou e passa veloz. Num aeroporto reluzente ( em Roma) entre milhares de vagabundos aéreos rumo a um destino chamado casa, uma voz se levantou "farense" ( nome de guerra das praxes estudantis e primeiro gatinhar profissional) és tu pá?!

Olhares atônitos de quem me conhece, mas a sensação interior de vaidade de mil situações onde este momento improvável se realizou. Afinal os meus momentos de fama a escala planetária ditadas num aeroporto qualquer...todos viajantes públicos e anônimos....


terça-feira, maio 03, 2016

Porque "I am Leicester"

O Leicester ser campeão do soccer da old albion  já é um acontecimento à escala planetária do Deus futebol, somente equivalente à potencial ( um dia) descoberta de vida extraterrestre além Globo azul. No entanto o que choca positivamente é como os underdogs de Leicester conseguiram, com uma equipa de tostões (míseros 42 milhões de euros), fornicar fortemente os colossos como man uniteds, arsenais, citys e afins da milionária vida faustosa do desporto rei redondo made in Inglaterra.

Gosto da palavra underdogs...gosto do conceito do rebaixado e humilhado que ganha força e vence as probabilidades mundanas e pré condicionadas do devir existencialista em que os " grandes são grandes e os pequenos são pequenos".

Adoro apaixonadamente que Ranieri sirva pizzas aos seus jogadores, e que na antecâmara de ser coroado campeão siga num avião para Itália para jantar com a sua Mãe de 96 anos, sonhando no céu solidário com o potencialmente ganho ou o potencialmente perdido.

Underdog é o conceito do improvável e a arrogância humilde que, ao chegar lá, o que interessa é o caminho percorrido. Ao fim ao cabo Ranieri, Vardy e seus copinchas são os nossos "cinderela man", soco após soco, queda após queda a reerguerem-se para a porrada (vitória) final. 

Poderia escrever que Leicester (cidade) tem também o campeão mundial de snoker (obtido 12 minutos após a vitória no soccer), e que sendo a décima maior cidade inglesa, aposta forte e sistematicamente no desporto ( também no rugby e cricket), sendo que também possui uma média étnica ( de mistura positiva) de étnias, raças, cores superior a todas as cidades britânicas.

Mas que porra...eu como underdog militante recuso me a escrevinhar que esta épica vitória tenha algo de científico ou analítico...portanto eu sou apaixonadamente Leicester...

Underdogs deste mundo a nossa hora chegou, afinal..."yes we can"!!!