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quinta-feira, julho 07, 2011

Poesia made in Brasil

NO BANQUETE

Do alto dos seus bordados, o general falou:
– Meio século, senhores, a serviço da Pátria.
Falaram depois o doutor e o magnata.
Outros mais falaram no banquete da vida nacional.
Só o roceiro miúdo não falou nada.
Porque não sabia nada,
Porque estava ausente,
perrengado,
indiferente,
curvado sobre o cabo da enxada,
com o Brasil às costas.

Um poema do autor Goianense Leo Lynce

terça-feira, abril 20, 2010

O'Neill dixit



Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

domingo, janeiro 24, 2010

Bilac (Olavo) dixit

O ouro fulvo do ocaso as velhas casas cobre;
Sangram, em laivos de ouro, as minas, que ambição
Na torturada entranha abriu da terra nobre:
E cada cicatriz brilha como um brasão.

O ângelus plange ao longe em doloroso dobre,
O último ouro de sol morre na cerração.
E, austero, amortalhando a urbe gloriosa e pobre,
O crepúsculo cai como uma extrema-unção.

Agora, para além do cerro, o céu parece
Feito de um ouro ancião, que o tempo enegreceu...
A neblina, roçando o chão, cicia, em prece,

Como uma procissão espectral que se move...
Dobra o sino... Soluça um verso de Dirceu...
Sobre a triste Ouro Preto o ouro dos astros chove.

"Vila Rica" de Olavo Bilac

quarta-feira, novembro 04, 2009

Poesia in Plain English

Why you can’t do
Ordinary things in
Real world?
Learn to listen
Deep in your heart!

And forget everything
Recorded in the mind
Translating the soul.

Find you in the place
Replete of friends,
Imagination in your pen
End the situation of
Nothing to do and start
Doing the letters
Still eternity……

Catherina Sanders

domingo, agosto 23, 2009

Yeats Poem(s)

Oh, doces e perenes Vozes, permaneçam;
Vão até aos guardiões das hostes celestiais
E os ordene que vagueem obedecendo à Tua vontade,
Chamas sob chamas, até o Tempo deixar de existir;
Não tem você ouvido que nossos corações estão cansados,
Que você tem chamado por eles nos pássaros,
Yeatsno vento sobre as colinas,
Em balançantes gallhos nas árvores,
Yeatsnas marés pela beira-mar?
Oh, doces e perenes Vozes, permaneçam.

quarta-feira, junho 03, 2009

Poesia de Dentro


De mim
Me esqueci
E quase me perdi
Pela força levado
E...
esgotado Lutando firmemente
Contra a corrente Esbarrado
Pelo muro silente
Remando quase à deriva
alimentado de raiva
Não percebi Que na margem
Nessa frondosa paisagem
Ali estavas
Esperavas
Atordoado Frágil e cansado
Vi-te então
Tão simples
Como antes
Quando o coração tudo via
E a vida surgia Disponível
Num estender de mão.
Paulo Galvão

quarta-feira, abril 01, 2009

Hilda Hilst (fragmento)

Que boca há de roer o tempo?
Que rostoHá de chegar depois do meu?
Quantas vezes O tule do meu sopro há de pousar
Sobre a brancura fremente do teu dorso?
Atravessaremos juntos as grandes espirais
A artéria estendida do silêncio, o vãoO patamar do tempo?
Quantas vezezs dirás: vida, vésper, magna-marinha
E quantas vezes direi: és meu.
E as distendidasTardes, as largas luas, as madrugadas agônicas
Sem poder tocar-te. Quantas vezes, amor
Uma nova vertente há de nascer em ti
E quantas vezes em mim há de morrer.
Deliciosa a poesia de Hilda Hilst; partilho com vocês este fragmento. Um dos meus preferidos.

sexta-feira, janeiro 30, 2009

Samba-Poeta

Tens, às vezes, o fogo soberano Do amor: encerras na cadência, acesa
Em requebros e encantos de impureza,
Todo o feitiço do pecado humano.
Mas, sobre essa volúpia, erra a tristeza
Dos desertos, das matas e do oceano:
Bárbara poracé, banzo africano,
E soluços de trova portuguesa.
És samba e jongo, xiba e fado, cujos Acordes são desejos e orfandades
De selvagens, cativos e marujos:
E em nostalgias e paixões consistes,Lasciva dor, beijo de três saudades,
Flor amorosa de três raças tristes.
O génio de Olavo Bilac à solta...

terça-feira, janeiro 06, 2009

Sons Sensitivos

Par les soirs bleus d’été, j’irai dans les sentiers,
Picoté par les blés, fouler l’herbe menue :
Rêveur, j’en sentirai la fraîcheur à mes pieds.
Je laisserai le vent baigner ma tête nue.
Je ne parlerai pas, je ne penserai pas :
Mais l’amour infini me montera dans l’âme,
Et j’irai loin, bien loin, comme un bohémien,
Par la Nature, - heureux comme avec une femme.
O génio de Rimbaud à solta...

quarta-feira, setembro 24, 2008

Poesia Urbana

Eu tô saindo das turbinas de um jato
Das janelas de um quarto
Ou da cela de uma prisão
Trago comigo teu sorriso e esperança
Muito sol e lua cheia
Para os dias de verão
Para os dias de verão e tome xote essa menina
Para os dias de verão
Deixei por lá
Meu passarinho amarelo
Minha bota, meu chinelo, minhas recordações
Entre cirandas, ponte velha e edifícios
Noites claras, sacrificios, pego a reta do meu coração
Tô viajando
Pelos campos de batalha
Muita luta, muita garra
De Maria e de João
Tô indo embora, vou fazer minha cabeça
Poesias sobre a mesa
Saudade no coração, Saudade no coração, saudade no coração
Saudade no coração, o pé rachado nesse chão
Eu tô saindo, mas um dia eu chego
Eu tô saindo, mas um dia eu chego lá
Te ver sorrindo no Parque 13 de maio
Cantadores lá no patio, cirandeiro e cirandar
Autor : Silvério Pessoa

segunda-feira, setembro 01, 2008

Para S. com Amor


Amar
Que pode uma criatura senão,entre criaturas, amar?amar e esquecer,amar e malamar,amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,sozinho, em rotação universal, senão rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia, o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,o que é entrega ou adoração expectante,e amar o inóspito, o cru,um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma avede rapina.
Este o nosso destino: amor sem conta,distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,e na concha vazia do amor a procura medrosa,paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.

Carlos Drummond de Andrade

sábado, agosto 02, 2008

Poesia das Profundezas

Cerca del río
de los ríos
que bordearon
mil y uno espejos olvidados
se levanta inexpugnable
la residencia
de las tribus perdidas.
Algunos dijeron
que eran diez
podrían haber sido mil,
doscientas,
o
sólo una
pero cerca del río
de los ríos.
Mantuvieron el murmullo
de las oraciones.
La tentación de detenerse
un instante a creer
que esa
sería su última residencia.
La oración
les contaba diariamente
que ya volverían
al paraíso perdido.
Y por eso
Creyendo
siempre creyendo
aceptaron
viajes
más viajes
como esclavos
como guías
de cuantiosos imperios,
como augustos compañeros
de otras vidas
de otros amaneceres
nunca suyos.
Cerca del río,
de los múltiples ríos
de las vidas
siguieron esperando
volver a una patria
nunca conocida.
Adriana Serlik, natural da Argentina e nacionalizada espanhola, além de poetisa é musicista, professora de educação artística, produtora cultural, tradutora e revisora.