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sábado, abril 24, 2021

24 (do nosso Abril)

 




Nasci em 1974, ano numérico da revolução do nosso contentamento de sair das entranhas de um obscurantismo totalitário em que a miséria dos três efes (fado, futebol e Fátima) ditavam as regras com que os pastores regiam manada.

Sou fruto desse amor por Abril, de uma mulher simples mas forte e decidida que trabalhava numa fábrica de cortiça detida por um alemão e onde inconscientemente se fez uma das primeiras greves solidárias em Portugal  por uma funcionária grávida à beira da exaustão. 

Também a seiva rebelde de um homem inquieto mas leal que preferiu combater numa guerra que não era a sua do que renegar o amor e presença daqueles que lhe aqueciam o coração. 

Ironicamente (e sortilégio feliz) os meus pais casaram a 27 de Abril do ano da revolução dos cravos pelo registo civil numa cerimónia simples, num ano onde um maravilhoso mundo novo parecia nascer.  Nunca acharam pertinente a bênção da madre igreja independentemente da sua fé enraizada num deus de tolerância e liberdade que também adoptei por meu. 

Nasci desta mescla, misto do desastre de um período de dores pós coloniais, extremismos de direita e esquerda mas também do milagre do rumo desarrumado avançando para  um mundo livre com acesso à esperança de um amanhecer melhor. 

Podemos voltar sempre ao fado fatalista que Abril não se cumpriu, que o sistema político não funciona e que os Sócrates e Salgados desta vida geraram o descontentamento com que se pariram  os demagogos do Chega encabeçados pelo vendedor da banha da cobra  barata que dá pelo nome de André Ventura. 

Prefiro alinhar de ânimo livre que mais vale uma democracia com assimetrias gritantes pela qual vale a pena lutar do que uma ditadura cinzenta com o nacional seguidismo de um rebanho envolto na mansidão letargica de uma noite sem fim. 


Nota final:Como homem de esquerda custa me "engolir" o veto com fraco pretexto que os organizadores das cerimónias oficiais vetaram a IL... esperava muito mais do coronel Vasco Lourenço... 











quinta-feira, agosto 06, 2009

Mandela Day

Derivando entre um chá quente e aplacador, visiono o video dos Simple Minds "Mandela Day". A memória escorre para tempos que não vivi mas aos quais me sinto ligado pelo calor do ferro que foi derramado contra o sangue da esperança vertida. Lembro-me do meu pai falar do Zeca Afonso nas tertúlias clandestinas na Brasileira em Faro e da forma como esse nosso Mandela branco pedia emprestada uma gravata a um qualquer funcionário da escola industrial da minha cidade pra poder dar aulas aos seus alunos. Diz a lenda que o Zeca a colocava por cima das suas camisas à pescador garridas, impregnadas com a rebeldia do pó da liberdade. Branco ou preto, Mandela não é - para mim - um homem; é muito mais do que isso : É uma forma de enfrentar a vida árdua com centelhas de esperança.

sábado, abril 25, 2009

Uma Tarde (de Abril)

Ao fazer a minha "volta" diária e mergulhar nos jornais em odôr de papel, olho levemente para a reposição (pela enésima vez) do filme (excelente) de Maria de Medeiros "Capitães de Abril" - Serviço público habitual com que nos brinda a RTP; as repetições da repetição - Penso que daqui a 2 dias os meus pais fazem 35 anos de casamento sólido e feliz. Viro a página no jornal, e desfolho a crise habitual servida em dados frios. Mesmo no mundo dos jornais as pessoas não tem rostos e resumem-se a lançamentos meramente estatistícos. É 25 de Abril e há 35 folhas atrás um punhado de homens corajosos deu-me a liberdade de hoje poder escolher (mesmo que mal), de me peidar na rua, de dizer obscenidades acerca do futebol e, essencialmente, possibilitou-me crescer enquanto homem livre capaz de tomar e assumir as minhas opões (correctas ou incorrectas). Para eles hoje a minha singela homenagem nestas mal traçadas linhas.