segunda-feira, julho 18, 2016

De Nice a Istambul: Os Dilemas da Velha Europa

Quando se fala no terrorismo fundamentalista dos tempos modernos, inevitável "saltarmos" para a barbárie do ISIS. Quando reportamos a falta de democraticidade da doutinária Europa, ocorre-nos o exemplo subliminar da Turquia como retalho(s) de uma manta rota e com padrões (sinais) muito antagónicos.

Vamos por partes...em Nice um lobo solitário (ou não) comprovou que os limites do espírito maquiavélico inventivo não conhece fronteira. O desespero da perda de território físico do ISIS e dificuldade de comunicação e logística com as células Europeias é compensada pela expansão nos mídias sociais e consequente radicalização de, ora elementos já de si "educados on ISIS way", ora sugados na capa da desculpa da desgraça da lama mundana das drogas, rejeição social e afins.

Na Turquia um coup d état estranhamente falhado e com laivos de conspiração do ditador democraticamente eleito Erdogan, remete-nos para as falhas desta Europa fechada em si mesma e em figurões centrais que, ao tomarem o poder pela massificação dos votos, se perpetuam controlando todos os corredores de onde podem sugar autoritarismo e controlo absoluto. 

De Nice a Istambul (passando por Ancara), a história dos últimos dias ditam-nos que nem o terrorismo irá desaparecer como por magia nem os dilemas da auto democracia absolutista se irão encolher. Dos States surge o perigo real da eleição de Trump, com a aliança a uma perigosa new england em que o Boris do nosso descontentamento surge como ministro da desgovernação estrangeira.

Tempos difíceis na Europa que se (re)tarda em (re)encontrar. 


quarta-feira, julho 13, 2016

Allez Les Portugais (um pleonasmo a Santos e Companhia)

Começo este texto por contextualizar historicamente que nós tugas lusitanos resistimos a três invasões francesas...Não se esqueçam deste semi parágrafo na leitura do restante texto...a gerência agradece...

Colocando-vos "à vontadinha", estas palavras são o enésimo elogio hiperbólico à saga portuguesa em Franca em modus operandi do futebol e sua contextualizacao de um povo à beira mar plantado e com sementes polvilhadas nos quatros cantos do globo.

Nunca pensei que 32 dias após o início da saga na Gália chauvinista ( e também na democrática obviamente...)voltaríamos com a pena vitoriosa  da careca de Quaresma tatuada no orgulho de todos nós. Nem nos sonhos mais perfeitos, naquelas noites em que os nossos adamastores são vencidos, pensaria que um grupo de patriotas furaria as linhas do "inimigo" e vingaria a honra de gerações de emigrantes que deram com as suas mãos a argamassa para reconstruir a França Gaulista ( não é gralha...) e  levemente europeia.

A esta altura, muitos (alguns) de vós questionam a imparcialidade das palavras e soam em vossas mentes os alarmes subliminares que este é um texto tendencioso e talvez não politicamente correcto...essencialmente são pulsões quebradas tentando canalizar a emoção que tolda a razão e que nos remetem para o orgulho salutar de ser Português e ter comoção vaidosa de ser representado pela portugalidade duma selecção comandada por um herói silencioso, homem de fé, personalidade forte de humano bom e trabalhador ( avé santos!!!) com rumo definido, com capacidade de ser oráculo na anunciação da vitória antecipada em que nós todos não acreditávamos.

Orgulho desmedido de ser representado por madeirenses e algarvios (como eu), por cabo-verdianos e guineenses, por luso franceses e bulos criados na musgueira. Orgulho em ser cigano nos pés de Quaresma, penafidelense gladiador em José Fontes, africano em Nani, Danilo e outros tantos e capitão humanista coxeando no espírito de Ronaldo apenas mortal e vulnerável.Ser anti herói e underdog no espírito da luva branca no pontapé canhão de Ederzito...

Estou cansado, exausto na correria do dia a dia e do destroço humano que a nossa selecção me obrigou a ser na noite de Domingo. Bebi, fumei, stressei, acendi velas, rezei aos deuses do nosso fado tantas vezes maldito, mas essencialmente chorei sem vergonha da vergonha que milhares de emigrantes viveram e vivem no seu purgatório resignado do dia a dia em terras adoptadas por eles na busca dum futuro que foge no seu (nosso) pais.

Foi tempo de revolta e fúria, de correr e cantar o hino com mão no peito, de soltar os gritos amordaçados, de tomarmos a bastilha do nosso contentamento resistindo a insultos, vitórias antecipadas e autocarros de vitória precocemente revelados. Amo a França democrática mas abomino o Gaulismo autista da superioridade pretensa assente na contextualizacao da história já ida e por vezes distorcida (reforço...resistimos a três invasões francesas...).

Amo Paris multicolor, os croissants, os cafés de esquina e o destilar de cores modernas e cheiros pintados no antigo, mas odeio o que esta  Europa fechada (de fachada)e seus tecnocratas  fizeram ao quintal público da Europa outrora universalis...amo Paris no sonho que representa...talvez um dia ame a França...e os franceses que saibam reconhecer que um jogo de futebol não representa apenas um jogo de vaidades estéticas em que se joga bonito, mas também e essencialmente uma bola redonda que desfila a crença de um povo e a sua identidade diluída na universalidade de quem, como nós, deu mundos ao mundo a partir de barcos de madeira alimentados na fé e esperança  que além mar havia terra por desbravar...

Insisto...resistimos a três invasões francesas...talvez por isso os gauleses gaulistas ou não (uma percentagem...maior ou menor...) sintam tanto na pele uma derrota alicerçada na fé de pedreiros, na crença de negros, brancos, ciganos e mulatos. Talvez não gostem das palavras da mãe Dolores a defender o filho Ronaldo dum Payet qualquer. Talvez não saibam reconhecer mérito e honra num seleccionador que na hora  (honra) da Glória  fale em Deus e em Grego grato é sincero.

Talvez eu seja acusado de ser redutor ao ousar dizer que Paris é um país à  parte de França, como já mencionei que Londres é uma ilha antagónica de Inglaterra. Talvez eu ainda não tenha mencionado que sendo um orgulhoso Português, sou um ainda mais orgulhoso cidadão do mundo, reconhecendo que tantos defeitos temos, tantos erros históricos cometemos...mas isso fica para outro texto...aqui apenas pinceladas finais de um feito orgásmico de um povo de tugas, africanos, timorenses, brasileiros e todos aqueles que se queiram reunir na luta dos pequenos não tão pequenos contra os grandes afinal não tão grandes.

Acho que já vos disse...resistimos a três invasões francesas...a quarta fomos nós que a fizemos com êxito...tomamos a bastilha de assalto em Saint Dennis; com carácter e honra e com a pincelada épica de ver o melhor do mundo tombado a chorar com uma borboleta (traça) no rosto ensanguentado de lágrimas. Não fomos nojentos, fomos tão somente nós próprios: Um povo que luta e se ajusta, que se desenrasca, que flui optimismo moldado no fado do destino que teimamos em combater.

Somos simplesmente Portugueses, no alto das nossas imperfeições, moldados nas águas dos tempos. Caimos e voltamos a tentar, lutando contra os chernes do nosso descontentamento, contra os discursos socráticos, ou os Portas e Albuquerques de qualquer multinacional sem rosto e tão somente feita de números.

O texto vai extremamente longo e algo pastoso...não sei se já vos disse: Resistimos a três invasões francesas..."fomos simples que nem as pombas e silenciosos como as serpentes"...ganhámos desta vez...tornaremos a perder vezes sem conta...afinal e tão somente a sina e fado da alegria triste de ser Português...contra os canhões marchar marchar...mas sempre prevalecer...sem sermos nojentos apenas nós próprios...