segunda-feira, outubro 22, 2012

Na Escuridão

Luz apagada. Corpo aceso, iluminado pelo desejo de escrever meias linhas ensonadas antes do sono quebrar a resistência da alma e pestanejar até ao amanhã próximo.

Ouço ZZ Ward no estimulante "Put The Gun Down". Relembro que todos nós passamos por momentos de escuridão; alturas em que as sombras do negativismo e das nuvens carregadas de chuva negra e imperam na ordem imperial que diz ao corpo que ordene ao cérebro que tudo é impossível e nada esta ao alcance dos sonhos que traçamos.

A música para e sinto os dedos agitados a deslizarem no teclado. Mais um cigarro seco e um chá gelado. Na ponta dos dedos nasce a luz que me ilumina rumo ao novo dia que irá explodir e acabar tarde.

Batalhas a travar, guerras para ganhar, caminhos por galgar e rotas por (re)definir. Dúvidas no sucesso, mas a certeza firme que a fagulha que acende a luz está ao meu alcance, ao virar duma qualquer esquina imaginária onde uma placa chamada destino me diz que somos todos pontos de luz no meio da escuridão que por vezes nos cerca.

terça-feira, outubro 16, 2012

Innocence (or not...)


"TV Politik"

Ligo a TV após mais um dia de luta laboral. Entre um cigarro lento e um copo de água fresca cristalizo o olhar no zapping habitual que me divide entre os leads visuais de entrada dos noticiários dos canais cá do burgo.

No dia da reunião de finados que nos fornica ainda mais a vida (leia-se orçamento de estado 2013), o governo laranja entrou - sem pedir licença - pela TV de todos nós. 

Na RTP o "amigo Alvaro" justifica-se visivelmente incomodado, na SIC Aguiar Branco com os tiques e maneirismos habituais jogando à defesa (ficou-me na retina memorial a expressão "Não temos prazer mórbido..."). Na TVI uma qualquer representante da Troika PSD-PP (confesso que não fixei o nome) vociferava sem convicção a crucificação anunciada de todos nós.

Uma verdadeira operação de "TV Politik"...Mais não digo (hoje).

sexta-feira, outubro 12, 2012

Aparelho de Estado

Estendo-me no sofá, e afago um copo de whisky, desvio o olhar para o painel cibernético e desfilo nos meus olhos as principais noticias da semana fatigante.

"Mais do Mesmo". As mesmas caras cinzentas, os mesmos conceitos ideológicos ultrapassados e a falta de pudor duma classe política a latejar ao cheiro de sumo podre e sem esperança para os mexilhões andantes cá do sitio.

Descobri hoje que sendo mexilhão sou rico  aos olhos deste políticos fétidos que nos (des)governam e aos outros que fazem uma falsa oposição mesclada de culpa formada na forja dos acontecimentos...tenho 2 tv´s, um portátil, TV Cabo e internet wireless e um apartamento para me dar "comichão" (em obras e pagamentos...) nos próximos 40 anos. Trabalho (como quase todos nós) para pagar contas e manter a cabeça levantada; mas no actual estado da douta nação começa a ser um luxo poder pagar facturas  e ter dinheiro para comer e viver para lutar mais um dia.

Azedumes (desabafos) à parte, revejo a panóplia de acontecimentos que forjaram os falsos diplomas universitários de Miguel Relvas e José Sócrates. A facilidade de "ser doutor" e o conceito importante que os complexados políticos dão a tal facto.

Um canudo afinal para poderem justificar promoções e manobrarem no labirinto da real politik de interesses económicos e promoções pessoais de egos exacerbados enquanto o povo depenado assiste nos bastidores ao desfile das feiras das vaidades dos nossos governantes e oposição anexa.

Estranho pais este onde a manha e a mentira é recompensada.

Descobri que sou rico...talvez um dia tenha que penhorar as tv´s, deixar de pagar a tv cabo, vender o Sony Vaio e zarpar do meu apartamento (vou ter saudades das minhas couves...) mas até lá sonho com o dia que talvez a minha geração enrascada deixe de estar à nora e possa sair deste buraco fétido de crise...nessa altura Sócrates irá no seu terceiro curso em Paris e Relvas rumará a nova licenciatura (quem sabe doutoramento)...um dia...talvez...simplesmente talvez...será assim...

quarta-feira, outubro 10, 2012

Retro-Sexy


"The Thrill of The Killer"

Noite de vento, aberta por laivos de nevoeiro húmido e viscoso. Chuva gotejante em forma de lágrimas molhadas intermitentes mas intensas.

Fica-me na retina memorial um excerto do tema de David Guetta "She Wolf". A música, frutada e melódica, um lobo que caça, um tiro no escuro e o passado congelado no tempo. A sede do caçador na hora de caçar a presa; a voz profunda nos acordes "disco" de Guetta.

Afinal somos todos caçadores e presas. Ora nos sentindo imortais num dado enquadramento positivo, ora encurralados nos limbos cinzentos que nos surgem afundados nos nossos mais profundos medos e receios.

Sinceramente, atravesso aquelas fases positivas em que o sangue e suor vertido dão origem  a "coisas boas".

Nada conseguimos sozinhos. Nada somos sozinhos. Mesmo ao caçar...caçamos em conjunto...

terça-feira, outubro 02, 2012

Os Últimos Troikanos

Caro Pedro

Até hoje ainda não interiorizei a tua carta facebokiana em que te despes do papel esventrado de primeiro ministro da desgraça colectiva de todos nós e te assumes como pai e amigo (da nação?!) para sobreviveres politicamente e te justificares perante o pecado capital cometido na forma tentada...talvez somente adiada nas ruas em que a direita e esquerda sem "sexo partidário fanatizado" falou.

Sou do tempo em que alguns  políticos tinham cara única  com  nome em réplica duplicada e férrea (Mário Soares, Álvaro Cunhal, Sá Carneiro...etc...).

Sou do tempo em que chamávamos ao Cunhal "Mula Branca" e ao Soares "Bochechas"; mitificando de forma irónica as nossas criticas ao estado em que este pais sempre viveu (tal como o teatro...): Eternamente em crise errática.

Não gosto de te tratar por Pedro, não gosto da intimidade do conceito inerente...Não gosto do Cavaco (sem Silva); vejo agora que o Sócrates também nunca foi José...gosto dos políticos imperfeitos "à antiga": Dois Nomes e Uma Direcção (boa ou má mas firme mesmo no descarrilar do comboio).

Sabemos todos que não é somente por ti e pelo Portas (outro dos políticos somente com um nome...) que estamos no lamaçal fétido da crise globalizante que começa de fora para dentro. Intuímos apenas que continuaste com a destruição incendiada pelos cabeças de fósforo anteriores: Santana, Durão e Sócrates. Agravada pelo cancro visceral do mundo a auto mutilar se na crise profunda e afundada.

Mas caro e estimado amigo (estou a ser irónico confesso...) Pedro  não achas que é tempo de procurares outro rumo e caminho?! Não será altura devida para dispensares o Relvas, deixares cair o Álvaro  e fazer ver ao Gaspar que o seu mundo próprio (muito próprio...) não tem enquadramento na práxis mundana Tuga?

Não sou daqueles que te quer ver cair (já ao Portas não me importava nada...); foste eleito pelo povo e a democracia que meus pais ajudaram a criar e me ensinaram a amar deve prevalecer; mesmo que não sejas da minha cor partidária, do meu clube de  futebol e não tenhas os mesmos gostos musicais ou uses o mesmo perfume rasca do que eu; ainda te respeito um pouco porque foste eleito pelo voto directo de milhões de "Marias Joaquinas" e "Zés Maneis" (tudo gente digna com 2 nomes...).

Arriscas-te apenas caro Pedro, a ver a Europa da Rua Colectiva rebelar-se e seres tão somente um "bom aluno" sozinho e abandonado (até pelos teus). Afinal tu e o Portas, uma versão Moicana dos últimos troikanos...

Do teu compatriota que te deseja  a melhores felicidades, mas que acredita tanto em ti e no teu governo como no José (Seguro?!)...

Paulo Correia




segunda-feira, setembro 24, 2012

Homens da Luta

Mais uma semana que amanhece. Mais um final de semana servido rápido, com entradas mas sem cerimónias, acompanhando  as primeiras gotas de chuva fria, fina e gotejante.

Recordo na memória imediata (sempre presente) os "homens da luta"; amálgama constitutiva do micro cosmos pessoal e profissional que se ramifica em todos nós de "dentro para fora". Na luta impiedosa do dia a dia troikano em que o fantasma do fracasso anunciado está sempre eminente.

No rosto das peixeiras do bolhão - seu suor perfumado a mar forte - vejo diariamente a fome e avidez da luta ensombrada que nos curva e quase nos submete no espectro da derrota. No entanto aquelas mulheres tem algo de especial que lhes permite sobreviver e recolher nas fraquezas a voz rouca que permite continuar a faina diária e a labuta, afinal falar forte nos ecos dum qualquer pregão ocasional.

As cores da baixa portuense transportam-me para batalhões de pessoas, circulando e andando - cambaleando - com destino pré definido. Todos com funções formatadas e fora do seu livre arbítrio: Lojistas sem futuro e olhos raiados de pessimismo, floristas encaracoladas nos sonhos dos bons clientes de outrora; prostitutas fora de tempo em preço de saldos entre outras metáforas de figuras reais de carne e osso.

Em quase todos os rostos vejo igualdade na desilusão e medo do que se avizinha. No entanto, no alegado fado fatalista tão lusitano, leio também a revolta que já não se cala e a vontade de ir além...mais além...

"Troika - Punk..."


terça-feira, setembro 18, 2012

Aeroporto

O dia amanhece cedo.Antes das 7 da matina banho rápido, seguido de café fumegante para apanhar as primeiras acções do dia que se adivinha movimentado.

Passagem rápida na baixa antes do rumo ao aeroporto de almas (a circular...) que serve avidamente a Invicta. Poisos e destinos, multidões de humanos em sombras e luzes, cruzando-se como átomos rumo ao infinito. Rostos familiares revisitados no mel da amizade, abraços e beijos.

Noite que pernoita no coito da comida tragada, no vinho derramado, nas palavras libertadas aos ventos, com olhares cúmplices: Sem ansiedades, na languidez que transforma actos isolados em círculos de amizade não intermitente.

Regresso a casa a horas politicamente correctas, com alma revigorada e corpo cansado, quebrado mas não vencido. O amanhã reflecte-no hoje. Somos afinal todos passageiros duma eterna viagem, presos por um fio, prolongados no sentimento da pedra filosofal de que seremos eternos.

Num qualquer Aeroporto os átomos movimentam-se. A noite? Essa  já dorme em mim...


domingo, fevereiro 12, 2012

Amanhã (vai ser melhor)

O dia amanhece já ao anoitecer. Noite antecedente de copos bem bebidos, de sonhos mal dormidos. De trepidação, revendo rostos e cheiros sempre presentes na vida (in)constante.

Camarões devorados ao ritmo da cerveja que verte. Sons soltos de queixas estridentes do dia a dia de todos nós. Estamos fodidos: A crise sobe de tom e lança mais alguns para o desespero do cadafalso do desemprego e /ou do trabalho precário.

No meu pensamento corre o alivio (não) culpado de ser daqueles que ainda preservam estabilidade profissional e ordenado a "tempo e horas" no banquete (mal servido) das contas por pagar no diluir do mês.

Arrepiamos caminho para um qualquer tasco de ocasião. Vinho a copo e cerveja (mais cerveja...) fervilhante a destilar do barril sujo e enferrujado, com direito a mais laivos de conversa inacabada, antecedendo já o próximo meeting point.

Penso (como sempre) que o amanhã irá ser melhor. Optimista, mas com aquele medo miúdo que nos prende ao mundo real. 

A vida segue dentro de momentos: Par a Par com a esperança. Afinal o amanhã (vai ser melhor) já está a nascer na minha mente.

domingo, janeiro 29, 2012

Ilusão Óptica...

Cava(quistão)

Como muitos de vós já sabem (intuindo da minha escrita em posts anteriores), não  morro de amores por Cavaco Silva. Algarvio de nascença, como eu, esta figura da fauna política tuga dos últimos 25 anos, nunca esteve nos meus eleitos preferidos nem do rol daqueles que, dum quadrante diferente da "minha" esquerda, ,merecem a consideração e fair play que acho justa para aqueles que pensando de forma diferente de moi merecem a admiração e  consideração pela forma correcta com que defendem os seus pontos de vista.

"Cavaco o Cinzento", poderia ser a curta frase que define a minha não relação com o conceito de "Cavaquistão", massificado durante as maiorias sociais democratas de tempos já distantes. Arrepia-me a hipocrisia com que Cavaco se arma em arauto moral da nação, assobiando para o lado no que concerne à sua auto responsabilização para o estado "que esta merda" chegou.

A cereja no topo do bolo, surgiu há poucos dias quando - despudoradamente - proferiu palavras infelizes acerca das suas parcas reformas (sim...plural...) e dando sentido (falsamente) humanista ao mencionar que abdicou do seu vencimento enquanto presidente da tugolândia como "esforço de guerra" contra a crise.

"Esqueceu-se" somente de mencionar que o fez para puder acumular 2 reformas na ordem dos 7 mil euros e ajudas de custo presidenciais de 2900 da moeda do descontentamento de todos nós.

Tudo uma questão de honestidade ou falta dela...afirmo eu...