quinta-feira, março 13, 2008

18


Quando tinha 18 anos tinha a febre dos loucos. Era o rei do mundo do alto da minha altivez doce-arrogante. Mudaria o mundo, descobriria a cura para o cancro, seria idolatrado por milhões; seria o melhor jornalista que a aldeia global conheceu. Todos se curvariam ao meu reinado infinito, tudo isto no alto dos meus (estúpidos) 18 anos. A idade muda-nos, a vida chicoteia-nos, corta-nos as veias, faz-nos sangrar e cair no mundo real da sensação agri-doce. Esquecemos por vezes os nossos sonhos de adolescente, esquecemos o mitico número 18 onde tudo nos parecia possível, onde a descoberta estava ao virar de cada página inacabada. Caimos e levantamos. É essa a sina dos grandes, daqueles que nos carregam ao colo à chuva e ao sol, daqueles que verdadeiramente torcem por nós e pelo nosso sucesso. É essa a nossa essência a minha e a tua que lês estas linhas. A capacidade de auto regeneração que nos permite depois da tempestade, escorrermos a água molhada dos pensamentos perdidos e deprimentes e voltarmos a fazer magia, a fintarmos o destino. Foi e É isso que tento fazer desde os 18 miticos : Levantar-me após cada queda, reforçar a minha solidez frágil, seguir caminho e lembrar-me que se aos 18 queria mudar o mundo, agora aos 33 tenho a arte refinada da experiência que me permite lutar com outras armas para mudar realmente o que interessa : O mundo daqueles que me amam e fazem sentir que tudo vale a pena mesmo no meio das lágrimas ocasionais. Seja nos braços maternais, seja na cumplicidade paternal, em qualquer conversa entre amigos verdadeiros ou tão simplesmente a afagar os cabelos de ouro e a fixar o meu olhar nos olhos verdes mais lindos que já contemplei e que amo verdadeiramente. Hoje, definitivamente, regressei ao mitico 18...

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