segunda-feira, janeiro 07, 2008

RASGOS DE MEMÓRIA (III)


Chego a casa, pouso as malas e fumo um cigarro cansado. Palpito sons esquecidos que me permitem voltar à rotina ciclica. No outro lado do telefone a voz que ansiava ouvir, o corpo que quero acariciar e rasgar a alma, não com cortes de sangue mas flocos de neve suave e macia, como a sua pele de amazona loira, com olhos de verde água tranquilos com ânsia de viver. A vida é o cruzamento de todas estas viagens; do caminho feito centenas de vezes entre Faro e Porto. A ânsia que me domina continua a ser a daquele puto que um dia partiu sem partir do sul rumo a um sonho talvez quimérico. No entanto tudo é feito da transmigração entre locais, do cruzamento de cheiros e do toque de Midas de pessoas especiais que inesperadamente surgem nas nossas vidas, fazendo-nos sonhar e ansiar melhorar enquanto seres colectivos; mas na nossa essência almas solitárias que lutam contra fantasmas seculares.

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