terça-feira, dezembro 18, 2007

NATAL GALOPANTE


Aproxima-se a galope o reinado do gordo de barbas brancas vindo do meio da neve flutuosa e fria. Esta quadra traz-me siempre à cabeça as memórias de quem não está presente por razões fisicas imutáveis ou por enquadramentos situacionais variados. Recordo-me do sorriso quente e malandro da minha Avó Irene, da descontração despreocupada da "Ti" Teresa; dos copos ávidos com direito a discussões metafisicas com amigos já desaparecidos (avé Bacôco, Cachola, Frick, Alfredo, Nuno, Fátima...) e do sentimento de segurança e equilibrio posicional - qual avançado felino na cara do golo - que tudo isto me dava. Esse "tudo isto" já não existe, mas também não desapareceu nem da memória individual que guardo nem do gosto das memórias sensitivas mentais que atraem sons, odores e formas. Simplesmente tudo mudou de enquadramento, de posição. Nada é estático nem imutável? Talvez...mas o sentimento misto de saudade, dorme e acorda junto com o sentimento avassalador de ter conhecido seres humanos, que, independentemente do seu desaparecimento fisico, me marcaram na pele da alma profunda e me fazem nas alturas difíceis continuar a lutar, acreditar e seguir em frente mesmo com lágrimas de sangue puro na face. Como a Avó Irene diria " Paulinho...Calma! Com AMOR tudo se cria, tudo se faz..."

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