sábado, março 24, 2007

Insanidades dos Tempos


Amanhã acaba na RTP1 o polémico programa " Os Grandes Portugueses". As sondagens "boca de urna" indicam que Salazar segue isolado na liderança com cerca de 52 mil votos contra 20 mil do primeiro Rei Português D. Afonso Henriques. Triste jovem democracia aquela em que um velho e retrógado ditador é eleito como o maior dos Portugueses. Tristes ventos aqueles que sopram frios e cálidos trazendo más novas de saudosismos fora de tempo de figuras cinzentas e sombrias, que deveriam estar cobertas pelas cinzas da vergonha da história já escrita e (re)transformada.

1 comentário:

Anónimo disse...

ÓH meu rapaz, nem eras nascido na altura em que o país andava na linha!Recordo os discursos, as notas, as entrevistas, as declarações, em que sucessivamente definia a doutrina nacional de sempre para a crise da época. Tudo escrito pela sua mão. Mas depois, não obstante a urgência e a autoridade pessoal, tinha a humildade de chamar os colaboradores e, em conjunto, discutir, e emendar. A grandeza natural de quem pode aceitar dos outros, sendo sempre o primeiro.
E assim foi exercendo o seu magistério. Com fé em Deus e recebendo agradecido os ensinamentos do povo. Porque nunca pretendeu sabedoria superior à de entender e executar o projecto nacional. E nunca quis mais do que amar até ao último detalhe a maneira portuguesa de estar no mundo, preservando e acrescentando a herança.
O Ultramar foi a última das suas preocupações maiores. Como se, ao
crescer em anos e diminuir em vida, quisesse guardar todas as energias para sublinhar a essência das coisas. Todos os cuidados para a trave mestra. Doendo-se por cada jovem sacrificado. Rezando, e esperando que o sacrifício fosse atendido e recompensado. De joelhos perante Deus e de pé diante dos homens. Humilde com o seu povo, orgulhoso perante o mundo.
Assim viveu, acertando ou com erros, mas sempre autêntico. Com
princípios. O único remédio conhecido contra a corrupção do poder. E muito principalmente quando se trata de um poder carismático, como era o seu caso.Um desses homens raros que a fadiga da propaganda não consegue
multiplicar. Porque ou as vozes vêm do alto ou não existem. Não há processo de substituir o carisma. Por isso, também, essa luz, que tão raramente se acende, é toda absorvida pelo povo, o único herdeiro. Soma-se ao património geral. Inscreve-se no livro de todos. Pertence à História. Transforma-se em raiz.