domingo, dezembro 03, 2006

Lembrei-me do Gualter...


Os media nos últimos dias tem massacrado o comum cidadão com a temática do foclore à volta do duelo nas eleições Venezuelanas... mais que provavel a vitória de Chavez sobre Manuel Rosales...num pais em que nos últimos 6 anos o fosso entre os pobres e os ricos se agravou sem a existência de um "tampão" chamado classe média (para lá caminhamos aqui na lusitãnia meus amigos...). Mas o meu cérebro de tanto ser torpedeado pela palavra "Venezuela" remeteu-me a nível consciente para o verão de 2004 na Ribeira Portuense, onde tudo era cor e alegria e em que a tribo do futebol - em massa - devolveu a Ribeira ao povo (desculpem lá os "trafucas", os parasitas e os agentes policiais que assobiam para o lado...). Lembrei-me de um Restaurante simpático chamado Menphis de comida tipica da Venezuela, onde trabalhavam meia duzia de venezuelanos; gente boa e humilde, gente que procurava o seu el dorado, fugindo a um pais que amavam mas que os asfixiava nos seus sonhos e aspirações. O cozinheiro chamava-se Gualter, estrutura pequena, brilho moreno da pele latina, barbicha cuidada e uns óculos made in europe, mas versão che cuidada. Entre uma refeição no Menphis e copos bem regados no Ribeirinha e Academia, desenvolvemos todos uma relação de cumplicidade; cruzamento de histórias, venturas e desaventuras, gostos e criticismos que as altas horas da madrugada regavam. Gente simples e trabalhadora, não pediam nada a ninguém só o direito a trabalhar, a existir e a, quem sabe, enviarem uns euros milagrosos para Caracas. No final do verão, passada a euforia do futebol, Gualter e os restantes amigos Venezuelanos se vieram despedir de todos nós...iam partir...as falsas promessas de ajuda de legalização dos seus patrões e a falta de recursos financeiros tinham tratado de destruir o sonho...trocamos contactos em papéis de chuva em que o tempo ocupou por apagar de meu bolso dobrado...lembrei-me de todos os "venzuelanos" deste mundo personificados no Gualter e no seu grupo de Venezuelanos e lembrei-me o quão abençoado sou...talvez lamechises de Natal ou quem sabe a lembrança doce da amizade de um grupo bom de pessoas num verão de São Martinho único...

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