terça-feira, outubro 03, 2006

quando o amanhã não chega...


Acordamos tristes...deitamo-nos zangados....amargamos lentamente com o definhar do pais, carregamo-nos de pessimismo e revolta contida; resignamo-nos ao estado das coisas, ao politicamente correcto...mesmo na revolta ou na contestação somos politicamente correctos...sem escândalos, sem pressas, sem fome de mudança...Viriato certamente definharia de pavor ao regressar do tumulo e encontrar uma nação pachorenta à beira mar plantada, certamente não seria o que o chefe traido da lusitania idealizaria quando do alto de serras e escarpas emboscava romanos pachorrentos acomodados ao status quo de senhores feudais de um mundo envolto em fantasmas...pachorentos...sim isso mesmo somos pachorentos; amigo do nosso inimigo, seja ele um politico cinzentão sentado em trono feudal em solo Lisboeta ou o burocrata de serviço em qualquer repartição pública. Canalizamos ódios e frustrações para quem consideramos abaixo do nosso sub-estrato social e económico...praticamos a lógica cobarde diária de atacarmos o mais fraco e o mais oprimido...firmamos pactos quiméricos diariamente com o oásis da banca portuguesa...alegremente só nos resta no nosso consciente o individamento leviano, os empréstimos para férias no Tibete brasileiro ou a conta ordenado gorda sobre um rendimento magro...alegremente deitamo-nos zangados mas vivemos alegres na ignorância feliz e infantil, o mundo passa-nos ao lado, o nine eleven já foi; passamos pela história como um grão de areia, preso, com pouco brilho...definitivamente cada vez amo e odeio mais o meu pais...sonho com Viriato a destilar revolta entre escarpas e serras, com Bocage a subir poemas ébrios pela noite Lisboeta e escrevendo Viagens da minha Terra como se conhecesse Portugal; sonho com Camões aventureiro gozando os prazeres das viagens sem rumo...com Salgueiro Maia e o romantismo desinteressado da libertação ou com Soares e Cunhal tocando-se nos antípodas como figuras humanas imperfeitas e cativantes da história lusa...tenho pesadelos com o regionalismo ediota incutido às massas, com o discurso estupidificante dos pseudo comentadores da política e do futebol cá do burgo...fiz um pacto com o criador universal e com o diabo existencial...acordo com raiva e ganas todos os dias da minha vida; vivo em inquietação e procura, mas de noite sonho e adormeço tranquilo...a raiva e capacidade de me revoltar vem já a seguir..sem me submeter....sempre a lutar...promessas que se fazem a olhar para um caixão de um ser de luz de 81 primaveras não se quebram...simplesmente cumprem-se....

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